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Afastado, William Waack pede desculpas a quem se sentiu “ultrajado”

Mauricio Stycer

08/11/2017 21h33

A Globo determinou o afastamento do jornalista William Waack, apresentador do "Jornal da Globo", em resposta à divulgação de um vídeo no qual ele aparece fazendo comentários de cunho racista.

O vídeo, de novembro de 2016, registra uma conversa informal entre Waack e o também jornalista Paulo Sotero, em Washington.

Os dois estão se preparando para uma entrada ao vivo no "Jornal da Globo" no dia da eleição presidencial americana, em 8 de novembro de 2016, exatamente há um ano. Eles estão em um local com vista, ao fundo, para a Casa Branca. Waack ancorou o telejornal de Washington naquela ocasião.

Os microfones ainda estão sendo ajeitados quando ouve-se, ao fundo, o barulho de uma buzina forte e insistente. O som não é perfeito, mas dá para ouvir Waack dizer: "Tá buzinando por quê, seu merda do cacete? Não vou nem falar, porque eu sei quem é… é preto. É preto!" Sotero parece constrangido, enquanto o apresentador do "JG" ri.

"A Globo é visceralmente contra o racismo em todas as suas formas e manifestações. Nenhuma circunstância pode servir de atenuante. Diante disso, a Globo está afastando o apresentador William Waack de suas funções em decorrência do vídeo que passou hoje a circular na internet, até que a situação esteja esclarecida", diz a nota da emissora divulgada às 21h30, cerca de sete horas após o vazamento do vídeo.

"Nele, minutos antes de ir ao ar num vivo durante a cobertura das eleições americanas do ano passado, alguém na rua dispara a buzina e, Waack, contrariado, faz comentários, ao que tudo indica, de cunho racista. Waack afirma não se lembrar do que disse, já que o áudio não tem clareza, mas pede sinceras desculpas àqueles que se sentiram ultrajados pela situação", prossegue a emissora.

"William Waack é um dos mais respeitados profissionais brasileiros, com um extenso currículo de serviços ao jornalismo. A Globo, a partir de amanhã, iniciará conversas com ele para decidir como se desenrolarão os próximos passos", conclui a nota

Veja abaixo o vídeo:


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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.