Por que a Netflix não divulga os números de audiência de suas séries?
Lançada pela Netflix em 27 de outubro, a segunda temporada de "Stranger Things" tem registrado números de audiência excepcionais. O primeiro episódio foi visto por 15,8 milhões pessoas nos primeiros três dias, nos Estados Unidos. Somente no primeiro dia, 361 mil pessoas assistiram aos nove episódios em sequência ("binge-watching").
Para se ter uma ideia do que estes números significam, o primeiro episódio da sétima temporada de "Game of Thrones", exibido este ano, foi visto por 16,1 milhões no primeiro dia. O primeiro jogo da final da MLB, a liga de beisebol americano, atraiu 15,4 milhões de espectadores ao vivo.
Apesar deste excelente resultado de "Stranger Things", a Netflix não reconhece os números divulgados. Eles foram medidos pelo Nielsen, o respeitado instituto que pesquisa a audiência de televisão nos EUA há décadas.
Desde que começou a produzir conteúdo original, e a despertar curiosidade do mercado, em 2013, a Netflix adotou como política não divulgar números de audiência. Como não depende de publicidade (é mantida, exclusivamente, pelos assinantes), a empresa entende que a popularidade de seus produtos é uma questão interna e que não deve satisfações a ninguém.
O Nielsen, porém, começou a medir a audiência das séries do serviço de streaming a revelia. Segundo o "New York Times", o instituto desenvolveu um software capaz de identificar, pelo áudio, o que os espectadores dos 44 mil domicílios que formam a sua amostra estão assistindo.
Foi com base nesta tecnologia que a empresa divulgou os primeiros números, excelentes, de audiência de "Stranger Things". A Netflix contesta este método –e tem razão, em parte dos seus argumentos.
O primeiro ponto é que a Nielsen está medindo apenas quem vê as séries do serviço de streaming em um aparelho de TV, ignorando os usuários que a conectam por dispositivos móveis, como laptops, tablets e smartphones. Outra questão é que a audiência das séries da Netflix é global e os dados da Nielsen se referem apenas ao mercado americano, que hoje representa menos de 50% dos 104 milhões de assinantes da empresa.
Por fim, como lembra a revista "Fortune", há mais uma razão para a Netflix não querer divulgar os seus números de audiência – e ela é bem simples: o segredo é uma ferramenta importante da empresa em sua estratégia de negócios e investimentos.
No momento em que os concorrentes conheçam estes números, eles estarão tendo informações sobre os hábitos dos clientes da Netflix e poderão intuir os próximos passos da empresa – e é isso, naturalmente, que ela não quer.
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