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Criador de Seinfeld revela bastidores do ousado episódio sobre masturbação

Mauricio Stycer

31/10/2017 10h00


Há 25 anos, em 18 de novembro de 1992, foi ao ar o episódio que consagrou a série "Seinfeld" como uma das melhores comédias da história da televisão. "The Contest" (A Competição) mostra os quatro protagonistas disputando quem consegue ficar mais tempo sem se masturbar.

Além da temática ousada e absurda, o episódio ficou famoso pelo fato de que, em momento algum, Jerry, Elaine, George e Kramer falam a palavra "masturbação" – eles usam apenas eufemismos.

"The Contest" rendeu um Emmy a Larry David pelo roteiro e ajudou a série a ganhar o seu único Emmy de melhor comédia do ano, em 1993.

Em reportagem publicada na edição desta semana da revista "New York" e reproduzida pelo site Vulture (leia aqui), Larry David revela que a ideia central do episódio nasceu de uma competição semelhante que disputou com um amigo, em Nova York, nos anos 80. "Durou apenas dois dias. Talvez três. Fiquei surpreso como acabou rápido. Ganhei com facilidade", conta, rindo (em inglês, ele faz um jogo de palavras e diz: "I won handily, yes").

O próprio David achava impossível que a premissa deste episódio fosse algum dia colocada em prática. "A ideia ficou no meu computador por algum tempo e nunca mencionei nem mesmo a Jerry (Seinfeld) porque achei que não houvesse jeito de ele querer fazer", conta. "Demorei alguns anos para contar ao Jerry."

Entre outras ousadias, chama a atenção no episódio o fato de Elaine (Julia Louis-Dreyfus) participar da aposta ao lado de Seinfeld, George (Jason Alexander) e Kramer (Michael Richards). O trio masculino inicialmente é contra, mas acaba aceitando, desde que ela coloque um valor maior.

"The Contest" celebrizou uma expressão entre os fãs da série, "master of my domain", ou "mestre do meu domínio", usada pelos protagonistas para informar que ainda estavam na disputa.

Larry David conta na reportagem que a ideia de não falar a palavra masturbação foi de Seinfeld, cocriador da série e principal protagonista. "Foi uma grande ideia. A palavra era mencionada na primeira versão do roteiro e ele a tirou".

Exibido pela NBC em seu horário nobre, o episódio provocou 62 reclamações de espectadores, segundo noticiou o "Washington Post" na época. E 32 ligações com elogios. Imagine hoje.

Abaixo, a cena em que o quarteto decide fazer a aposta (com legendas em português):

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

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