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“Uma porta fecha, outra abre”, diz Seinfeld sobre o politicamente correto

Mauricio Stycer

07/10/2017 12h45


Com piadas sobre índios do início ao fim, "The Cigar Store Indian" é um dos episódios mais politicamente incorretos da série "Seinfeld". Exibido na quinta temporada, em 1993, gira em torno do namoro de Jerry Seinfeld com Winona (Kimberly Guerrero), uma índia americana.

Inicialmente sem conhecer a sua origem, Seinfeld faz várias piadas que ofendem Winona. Depois que Elaine (Julia Louis-Dreyfus) o alerta, Seinfeld começa a se policiar para não usar termos ofensivos aos índios, o que torna a história ainda mais engraçada. Quando, finalmente, parece estar tudo bem entre os dois, ele faz um comentário ofensivo a um imigrante chinês diante dela, mostrando que não consegue se controlar.

Nesta sexta-feira (06), convidado do festival anual da revista "The New Yorker", Jerry Seinfeld foi provocado a falar sobre este episódio. Depois de ver um clipe com imagens, ele disse: "Você nunca poderia fazer isso hoje" (veja alguns trechos do episódio aqui).

Seu entrevistador no evento, o diretor da revista, David Remnick, o questionou se isso não representa uma perda para a cultura. Seinfeld deu uma boa resposta: "Uma porta fecha, outra abre… Sempre tem uma piada; você só precisa encontrá-la".

Em 2015, a série "Unbreakable Kimmy Schmidt", criada por Tina Fey e Robert Carlock para a Netflix, foi acusada de racismo por causa de uma situação cômica com índios. Uma das personagens, a madame deslumbrada Jacqueline Voorhees (Jane Krakowski), é descendente de índios, mas esconde sua origem por vergonha.

Questionada a respeito, Tina Fey observou: "Fique longe da internet e você viverá para sempre", disse, chamando a atenção para o exagero da repercussão nas redes sociais. "A minha nova meta é não explicar piadas. Nós fazemos muito esforço para escrever e elaborar tudo, então, elas (as piadas) precisam falar por si", prosseguiu.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.