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Após derrapada com fofoca, SBT reforça a imagem do Conexão Repórter

Mauricio Stycer

02/10/2017 05h01


Em meio à falta de investimento e a apostas que rebaixam o seu padrão, o jornalismo do SBT resiste graças a algumas boas iniciativas e ao esforço de profissionais sérios e respeitados. Um dos bastiões da emissora é o "Conexão Repórter", apresentado por Roberto Cabrini.

O programa dominical costuma mostrar investigações sobre temas "pesados", ligados a violência urbana e violação de direitos humanos. Também trata de política, de temas da atualidade e, muito eventualmente, apresenta perfis mais "leves" de personalidades públicas.

No último domingo (24), porém, o "Conexão Repórter" fugiu ao padrão habitual e enveredou pela fofoca. Metade do programa foi dedicado a uma entrevista com dois filhos de Marcelo Rezende (1951-2017) a respeito do disse-me-disse com a namorada do jornalista. Os dois negaram qualquer desavença com ela.

Não bastasse o tema não combinar com o programa, alguns dias depois da exibição da entrevista, a namorada de Rezende questionou publicamente parte do relato feito pelos filhos. Ela escolheu como palco um programa especializado em fofoca, o "A Tarde É Sua", apresentado por Sonia Abrão na RedeTV!. E afirmou que foi barrada no hospital ao tentar visitar Rezende.

Uma semana depois do "Conexão Repórter" ter se envolvido nesta fofoca pesada, o SBT publicou um anúncio na mais recente edição do "Meio & Mensagem", a principal publicação dedicada ao mercado publicitário. O objetivo (veja ao lado) é reforçar a imagem do programa junto a possíveis anunciantes.

"Quanto menos uma reportagem tenta influenciar a sua opinião, mais influente ela se torna", diz o anúncio do SBT. Em letras menores, acrescenta: "Para o Conexão Repórter, a notícia de qualidade não busca formar opiniões, busca trazer a verdade à tona. Com investigações que fazem história e provocam grandes reflexões no país, Roberto Cabrini procura respostas sobre temas polêmicos direto na fonte, o que já resultou na abertura de CPIs e rendeu os mais importantes prêmios do jornalismo".

Na outra parte do episódio dedicado a Marcelo Rezende, o "Conexão Repórter" abordou o tratamento alternativo que Rezende adotou para enfrentar o câncer. Cabrini entrevistou Lair Ribeiro, um defensor da dieta cetogênica, que o jornalista usou, e ouviu um médico respeitado que questiona, com veemência, o método. Uma semana depois, uma reportagem do "Domingo Espetacular", na Record, questionou algumas da declarações que Ribeiro deu ao SBT.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.