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Sem assunto, Domingo Show exibe “melhores momentos” do anão Marquinhos

Mauricio Stycer

24/09/2017 14h00


Após uma semana de ausência, por conta da morte e do velório do amigo Marcelo Rezende, Geraldo Luís voltou ao comando do "Domingo Show" fazendo o que sabe melhor: enrolar o espectador com uma história envolvendo o anão Marquinhos.

Das 11h às 13h12, por duas horas e doze minutos, o apresentador ofereceu o que chama de "emoção verdadeira": o reencontro da anã Juliana, mulher de Marquinhos, com os dois irmãos, que ela não conhecia, e a mãe, que abandonou os três.

Muito da arte de Geraldo consiste em transformar um pequeno limão numa limonada aguada. O esperado momento do reencontro, como de hábito, durou apenas poucos minutos.

Primeiro, por 50 minutos, foram exibidos trechos de antigas matérias com Marquinhos e Juliana. Uma espécie de "melhores momentos". Desde 2012, ainda no "Balanço Geral", Geraldo explora o assunto. "Marquinhos foi crescendo com o programa e cresceu muito como gente", explicou.

O anão já ganhou casa do Gugu, mereceu festa de casamento, descobriu o sexo do filho que Juliana esperava no palco do "Domingo Show", participou de provas arriscadas… A retrospectiva realçou o lado emotivo do bem-humorado Marquinhos, que sempre chora ao ser homenageado.

A segunda parte da matéria, também longa e gravada, mostrou as três peças do drama. A história de Juliana, a de seus irmãos e a da mãe. E, nos últimos minutos, no palco, Geraldo promoveu o encontro dos quatro, entre lágrimas e lágrimas.

O apresentador pareceu preocupado em convencer o espectador que nestes anos todos em que explora a história de Marquinhos nunca tinha ouvido falar que Juliana tinha dois irmãos. "Eu não minto", disse Geraldo. "Guardei um pouco a minha vida pessoal", explicou a anã. "Aqui tudo pode acontecer. Nada é gravado", acrescentou Geraldo. "Esse programa conquista o povo brasileiro pela verdade", garantiu.

Como sempre faz, o apresentador procurou justificar a exaustiva exploração do assunto dizendo que tem uma missão: "Você já sabe, aqui é o programa do reencontro", disse. "Aqui tem emoção. Emoção verdadeira. Ao longo desses quase quatro anos, o 'Domingo Show' deixou o domingo dos brasileiros mais leve. Tenho a honra de poder dizer isso. Um programa que ensina o perdão, a ter esperança, quando não se tem mais. Um programa simples, do povo".

Eu acrescentaria: um programa simples, do povo, que faz tudo pela audiência.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.