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No furacão, jornalistas se arriscam em nome da notícia, do show e dos memes

Mauricio Stycer

11/09/2017 13h50


Tão esperados quanto os danos e prejuízos causados por furacões nos Estados Unidos e no Caribe são os espetáculos protagonizados por jornalistas na cobertura destes fenômenos naturais. Já é uma tradição da TV americana – copiada em outras países – expor seus repórteres e especialistas em meteorologia aos rigores da chuva e do vento.

O repórter deve ir onde a notícia está. Esta é a lógica que leva muitos profissionais a se submeterem ao sufoco de fazer transmissões ao vivo do meio do furacão – e não em ambientes fechados e protegidos, como recomendam as autoridades.

É um risco calculado – ainda que as coisas possam sair errado e a reportagem virar um meme na internet, como aconteceu com a calça rasgada de Carolina Cimenti, correspondente da Globo News. Veja abaixo:

No show oferecido pela TV americana, ninguém brilhou mais do que Mike Seidel e Mike Bettes, meteorologistas e repórteres do Weather Channel. Experiente e empolgado, o primeiro fez a alegria dos seus seguidores nas redes sociais com vídeos espetaculares, como este abaixo:

Em mensagem a seus fãs, postada no fim do domingo, Bettes comentou as críticas sobre o excesso de risco que enfrentaram: "Alguns de vocês também expressaram sua preocupação por eu estar exposto desnecessariamente ao furacão. Confiem em mim. Entendi. Minha própria mãe também reclama disso! O Weather Channel NUNCA incentiva seus meteorologistas a se colocar em situação de risco."

Os profissionais do Weather Channel não foram os únicos a passar por isso. Ao longo de todo o domingo (10) os jornalistas da CNN Chris Cuomo e Sara Sidner, entre outros, apareceram, ao vivo, se expondo aos efeitos do Irma, de maneira a transmitir ao espectador sensações "reais" do furacão. Veja abaixo:

Bom para quem acompanhou e teve informações não apenas em tempo real como as mais reais possíveis no olho do furacão. Mas sempre fica a dúvida se o risco a que os jornalistas se submeteram compensa o sacrifício.

Veja também
Calça de repórter da Globonews que cobre passagem do furacão rasga ao vivo

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.