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“Zorra” faz bela homenagem a Rogéria, mas deixa Paulo Silvino de lado

Mauricio Stycer

10/09/2017 01h54


Fato inédito na história do programa, o "Zorra" deste sábado (09) dedicou todo o seu bloco final a uma homenagem póstuma. Morta no último dia 4, Rogéria (1943-2017) teve a sua trajetória lembrada por Dani Calabresa e Otavio Muller, e o espectador pode rever participações suas em dois humorísticos da Globo, "Os Caras de Pau" e "Tá no Ar", e na novela "Paraíso Tropical".

"Um talento do tamanho do mundo", disse Calabresa. "Estonteante. Apaixonante. Numa época em que não se falava de gênero, trans, assuntos que hoje estão no horário nobre", lembrou Muller.

A bela homenagem chamou a atenção para o fato de que outro humorista recém-falecido, e intimamente ligado à Globo, não mereceu lembrança parecida. Paulo Silvino (1939-2017) morreu no último dia 17 de agosto. É verdade que no sábado, 19, não houve exibição do "Zorra" por causa do "Criança Esperança", mas no dia 26 o programa foi ao ar normalmente e não fez menção alguma ao comediante.

Entre idas e vindas na Globo, Silvino atuou em programas como "Balança Mas Não Cai" (1968), "Faça Humor, Não Faça Guerra" (1970), "Uau, a Companhia" (1972), "Satiricom" (1973), "Planeta dos Homens" (1976), e "Viva o Gordo" (1981), para não falar do "Zorra Total" (1999), onde consagrou o personagem Severino ( "cara e crachá").

Em 2015, na estreia do novo "Zorra", Silvino permaneceu no elenco e fez várias participações. Mas não estava feliz. Em entrevista ao UOL, no final de 2016, reclamou que estava "na geladeira".

"Sinto falta de trabalhar porque não existe artista dentro de casa e eu já estava na geladeira antes de descobrir a doença. Isso me chateia porque estou ótimo. Mas acho que estou fora porque toda vez que apareço, as pessoas associam ao 'Zorra' antigo", disse.

Nesta mesma entrevista, a Marcela Ribeiro, ele criticou o novo "Zorra": "Aquilo é um desperdício de talento. A Thalita Carauta é fantástica. O Rodrigo Sant´anna é genial também. Mas, de cara lavada, eles são apenas mais um personagem em cena. Neste formato, não pode ter bordão e não pode ter personagem".

No dia da morte de Silvino, no site do "Zorra", foi publicado um vídeo, apresentado por Fernando Caruso, com trechos de participações do ator no programa em 2015. "Perdemos um cara para quem o riso era quase uma religião e não perdia uma piada", diz Caruso. Uma pena que esta homenagem não tenha sido exibida na TV.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

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