Novo quadro do “Fantástico” faz a ponte entre Nelson Rodrigues e Neymar
Há dois tipos de adultério, defendia Nelson Rodrigues (1912-1980) – o motivado por sexo e o por amor. O primeiro é aceitável; o segundo, não, dizia ele. Esta é uma das "lições" do episódio de estreia no "Fantástico" de "Nelson Por Ele Mesmo", no qual Otavio Müller interpreta e explica textos do dramaturgo sob orientação de Fernanda Montenegro.
Atração a partir deste domingo (3), o quadro tem duplo interesse. O primeiro, evidentemente, é a aproximação com o rico universo de Nelson Rodrigues. O segundo, mais curioso, é ter a oportunidade de acompanhar, como voyeur, a relação entre os dois atores durante a gravação.
Por modéstia, talvez, Fernanda recusou o crédito de diretora. Quem assina como diretor é João Jardim, que mantém uma câmera focada em Otavio Müller e outra na atriz. "Misturamos o que estava no roteiro, que é o texto dito pelo Otávio, com as interferências da Fernanda e toda a parte documental. Isso resultou em duas linguagens", explica ele.
Assim, o espectador vê Fernanda interromper determinada frase dita por Müller para observar que ele deveria enfatizar mais uma palavra, ou ser mais sutil em outra passagem. Também somos convidados a assistir as conversas entre os dois dentro de um carro, a caminho do estúdio, nas quais a atriz dá pequenas aulas sobre o universo de Nelson Rodrigues.
O texto da série é de Geraldo Carneiro, baseado em crônicas do livro "Nelson Rodrigues Por Ele Mesmo", organizado por Sônia Rodrigues, filha do dramaturgo.
Assisti a dois dos seis episódios da série. Além do que será exibido neste domingo, sobre adultério, um outro é sobre assunto que também fascinava Nelson – futebol. Neste, o tema é o "complexo de vira-latas", nascido no fracasso da Copa de 50, na definição do dramaturgo, mas sempre à espreita de alguma derrota para voltar.
Nelson fala sobre a seleção de 1970 e prevê que o Brasil terá uma geração ainda maior. Talvez para facilitar a vida do espectador mais jovem, o "Fantástico" mostra imagens de jogos da seleção com Neymar, nascido 12 anos depois da morte do dramaturgo.
"Nelson Por Ele Mesmo" procura mostrar, com diz Fernanda Montenegro, por que Nelson Rodrigues é necessário. Não há como discordar dela.
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