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Record perde 30% de audiência com mudanças na grade e beneficia o SBT

Mauricio Stycer

16/08/2017 04h01


Entrando em sua quarta semana, a mudança radical feita pela Record em sua grade noturna não foi bem assimilada pelos espectadores. A emissora sofreu uma queda brusca e muito significativa de audiência, da ordem de 30% – e quem mais se beneficiou foi justamente seu maior concorrente, o SBT.

No último dia 25 de julho, que chamou de "superterça", a Record encurtou o "Cidade Alerta", colocou no ar uma reprise de "Os Dez Mandamentos", estreou um telejornal local, o "SP Record", e uma novela ambientada num reino medieval, "Belaventura".

Para medir o impacto destas novidades, solicitei a um cliente do Ibope dados de audiência de São Paulo, o maior mercado do país. A comparação com o período anterior às mudanças é impressionante.

Entre 4 e 24 de julho, das entre 18h15 às 19h10, quando ainda exibia o "Cidade Alerta", a média foi de 8,5 pontos. Entre 25 de julho e 14 de agosto, com a reprise de "Os Dez Mandamentos", a média caiu para 6,2 – uma perda de 28%. Já a audiência do SBT cresceu 10% e a da Globo, 3%.

Na sequência, entre 19h10 e 19h40, mostrando o segmento final do "Cidade Alerta", a média foi de 10,1 pontos entre 4 e 24 de julho. Com a estreia do "SP Record", entre 25 de julho e 14 de agosto, caiu para 6,6 – uma perda de 34%. O SBT viu a sua audiência crescer 10% e a Globo, 4%.

Já entre 19h40 e 20h40, entre 4 e 24 de julho, exibindo a reprise de "Escrava Isaura", a média foi de 11,3 pontos. Com "Belaventura", entre 25 de julho e 14 de agosto, caiu para 7,1 – uma perda de 37%. O SBT registrou crescimento de 14% e a Globo, 4%.

As mudanças na grade da Record produziram um efeito negativo em cascata, afetando até "O Rico e Lázaro", que já vinha sendo exibida desde março. Com uma média de audiência de 11 pontos entre 5 e 24 de julho, a novela bíblica caiu para 9,5 pontos entre 25 de julho e 14 de agosto – uma perda de 14%. A novela infantil do SBT, "Carinha de Anjo" cresceu 7% no período e a Globo teve um aumento de 2%.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.