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Com surra na vilã, A Força do Querer repete um clichê esperado pelo público

Mauricio Stycer

24/07/2017 05h01

Com a ajuda de Ritinha (Isis Valverde), Joyce (Maria Fernanda Cândida) vai dar uma surra em Irene (Debora Falabella) no banheiro de um restaurante no capítulo desta segunda-feira (24) de "A Força do Querer". O público sonha com este momento há muito tempo e, pelas imagens já divulgadas, Gloria Perez vai oferecer a esperada catarse. Tem tudo para bater recorde de audiência.

O curioso é que a surra na vilã se tornou um clichê dos mais batidos na telenovela brasileira. Até a coreografia das brigas tem se repetido. Esta imagem da mulher vingadora montada em cima da malvada usurpadora se tornou uma espécie de emblema em cenas do tipo.

A surra que Maria Clara (Malu Mader) deu em Laura (Claudia Abreu) dentro de um banheiro em "Celebridade" (2003) não inaugurou o lugar comum, mas se tornou a referência – rendeu recorde de audiência para a novela de Gilberto Braga e mereceu algumas imitações.

Como não lembrar, por exemplo, da surra que Melissa (Christiane Torloni) aplicou em Yvone (Letícia Sabatella), após descobrir que seu marido, Ramiro (Humberto Martins), tem um caso com ela, em "Caminho das Índias" (2009), de Gloria Perez.

Ou dos tabefes que Juju Popular (Cris Vianna) deu Carmen (Ana Carolina Dias), também dentro do banheiro, na noite de inauguração do restaurante Vicente em cena de "Império" (2014), escrita com capricho por Aguinaldo Silva.

Em um texto publicado em 2014, lembrei de uma dezena de cenas de brigas violentas de mulheres em novelas (veja AQUI). É um clichê estranho e antiquado. Além de oferecer alívio ao espectador por ver a sofrida heroína se vingar da vilã, quase sempre o motivo da briga é um homem, que assiste a tudo de camarote, sem sofrer maiores arranhões.

Parte do segredo do sucesso das novelas se deve justamente à reiteração de determinadas situações. O público sabe que já assistiu aquilo antes, mas se envolve e espera o mesmo desfecho que já viu em outras histórias. Cabe aos autores ter a coragem e a criatividade de oferecer algumas variações a estes lugares tão comuns.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.