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Tributo de Bial a Suassuna chama atenção por ausência de ex-diretor da Globo

Mauricio Stycer

19/06/2017 05h01


Dramaturgo, romancista, ensaísta, poeta e professor, Ariano Suassuna (1927-2015) deixou obras e reflexões fundamentais para a cultura brasileira. Os 90 anos que completaria em 16 de junho estão servindo de pretexto para diversas homenagens, entre as quais a publicação de um livro inédito do autor, "Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores", e a encenação de uma peça de Bráulio Tavares, dedicada ao seu universo, "Suassuna — O Auto do Reino do Sol".

Na última sexta-feira (16), Suassuna foi o tema de "Conversa com Bial", na Globo. Os três convidados da noite foram apresentados como amigos do autor: Guel Arraes, diretor do filme "O Auto da Compadecida" (2000), Luiz Carlos Vasconcelos, diretor da peça de Tavares, em cartaz no Rio, e Gerson Camarotti, repórter da Globo News.

Foi uma conversa agradável, entremeada por cenas do filme de Arraes, trechos de uma entrevista que Bial fez com Suassuna e lembranças de Camarotti, que conheceu o escritor quando ainda era estudante.

O que mais chamou a atenção, no entanto, foi a forma como duas figuras fundamentais na divulgação da obra de Suassuna foram minimizadas pelo programa. O músico Antônio Nóbrega, ex-integrante do Quinteto Armorial, foi lembrado brevemente por Camarotti e visto em um vídeo que aparece cantando ao lado do autor.

A outra ausência, talvez ainda mais gritante, foi de Luiz Fernando Carvalho, diretor da Globo por três décadas. Carvalho adaptou três obras de Suassuna para a televisão, "Uma Mulher Vestida de Sol" (1994), "A Farsa da Boa Preguiça" (1995) e "A Pedra do Reino" (2007).

O diretor, que se desligou da emissora no início de 2017, não foi citado por Bial ou pelos demais convidados em momento algum do programa. O seu nome apareceu apenas nos créditos de uma cena de "Folia Geral", programa que dirigiu para a Globo Nordeste em 1994.

Em um programa que tem mostrado tanto cuidado com a pauta e seleção de assuntos, como "Conversa com Bial", saltou aos olhos a ausência de qualquer imagem destes três trabalhos de Carvalho, baseados na obra de Suassuna, exibidos na própria Globo. Pareceu intencional.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.