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Xuxa recorre ao passado para elevar o Ibope, mas é difícil ir longe assim

Mauricio Stycer

17/05/2017 09h01

A Record festejou o recorde de audiência alcançado por "Dancing Brasil" na última segunda-feira (15), em São Paulo – 6,4 pontos. Xuxa chegou a este resultado no sétimo episódio da competição de dança que apresenta desde 3 de abril. O programa estreou marcando 5 pontos, caiu para 4,8 no terceiro episódio e, desde então, vem crescendo semanalmente.

Apesar de a curva apontar para cima, não conseguiu, até agora, deixar a terceira colocação no Ibope. Para frustração da emissora, a atração segue a uma razoável distância do vice-líder, que exibe no horário o "Programa do Ratinho" e "Máquina da Fama". Nesta segunda-feira, por exemplo o SBT registrou média de 7,8 pontos no horário – uma audiência 20% maior.

O mais curioso é que "Dancing Brasil" bateu recorde numa noite em que exibiu um episódio atípico. A disputa de dança girou inteiramente em torno da própria Xuxa, e não dos candidatos ou dos jurados. A apresentadora chegou ao palco e, no fim, partiu a bordo da nave dos tempos de programa infantil (vídeo no alto). Todas as músicas que os casais dançaram na competição foram do repertório da "rainha dos baixinhos".

Este revival do "Xou da Xuxa" não é novidade. Nos dois anos em que apresentou o seu "Programa Xuxa Meneghel", entre agosto de 2015 e dezembro de 2016, a apresentadora insistiu em se colocar em primeiro plano – obrigando os seus convidados e o público a reverenciarem a sua imagem.

Quase toda semana tinha quadro com fãs da Xuxa, brincadeiras com paquitas, lembranças e homenagens à época áurea. E nada disso ajudou o programa. Foram dois anos amargando o terceiro lugar, mais ou menos nesta mesma faixa em que está o "Dancing Brasil" – entre 5 e 6 pontos no Ibope.

O atual programa é bem diferente e parece buscar um novo público – o que gosta de competições de dança e se diverte vendo o esforço de celebridades no palco. É uma produção caprichada, acima da média que a Record costuma exibir em seus programas de auditório. Mas ainda não decolou.

Espero que o pequeno crescimento da audiência nesta segunda-feira (na semana anterior havia registrado 5,9 pontos) não confunda a Record. Essa Xuxa que cantou "Ilariê" e "Lua de Cristal" é uma personagem do século passado, que agrada fãs nostálgicos, mas não agrega novos espectadores. A experiência dos dois anos anteriores mostra que o caminho não passa pela nave espacial.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.