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Quarta novela bíblica mostra que Record pode seguir no tema enquanto quiser

Mauricio Stycer

14/03/2017 06h01

Responsável pela maior audiência diária da Record desde que foi instituída, em 2015, a faixa de novelas bíblicas é um fenômeno que, seguramente, ainda será muito estudado. A estreia nesta segunda-feira de um quarto título, "O Rico e Lázaro", não traz muitas novidades, mas reforça a impressão de que a emissora já domina completamente o conhecimento necessário para manter este projeto pelo tempo que quiser.

Bem escrito e estruturado, o capítulo inicial foi rico em situações, exibiu uma batalha de proporções épicas, apresentou com clareza os personagens principais e, como não poderia faltar, estabeleceu as bases da mensagem cristã que vai defender.

A primeira fase da trama mostra a infância do trio central, os amigos Asher (Rafael Gevú), Joana (Maitê Padilha) e Zac (Gabriel Felipe), que vão assistir a tomada de Jerusalém pelo exército de Nabucodonosor, rei da Babilônia. Ainda que sejam personagens fictícios, não espere menos propaganda religiosa do que nas outras novelas.

O profeta Jeremias (Vitor Hugo) já disse a que veio no primeiro capítulo, repetindo três vezes sua visão de que a ruína dos hebreus ocorrerá por falta de fé. No reino de Judá, os habitantes já não respeitam Deus, fazem promessas a divindades, trabalham no dia sagrado do descanso e zombam de quem acredita na Lei.

Na segunda fase, o triângulo amoroso entre Zac (Igor Rickli), Joana (Milena Tosacano) e Asher (Dudu Azevedo) vai ganhar contornos mais dramáticos, de forma a dar vida a uma história contada por Jesus sobre dois homens que morrem no mesmo dia — um vai para o céu e o outro, para o inferno.

A Record tem o grande mérito de ter descoberto um público interessado exatamente nisso – novelas e séries com bons enredos, efeitos visuais e mensagens religiosas. E, como disse, vem aprimorando a técnica para entregar um produto cada vez com mais qualidade.

É verdade que a audiência média em São Paulo das três novelas anteriores mostra uma curva levemente decrescente. Em 2015, "Os Dez Mandamentos" teve média de 16,4 pontos. Sua continuação, em 2016, registrou média de 15,6 pontos. E "A Terra Prometida" fechou com 14,5.

Mas os números também mostram que, passada a surpresa e o encanto com a história mais conhecida, a de Moisés, a emissora encontrou um público muito fiel.

"Os Dez Mandamentos" chegou a dar 28 pontos, quando o Mar Vermelho abriu para a fuga dos hebreus, mas também registrou 10,6 em um momento mais inicial. A continuação alcançou 19,4 pontos no seu ápice, mas nunca deu menos que 12,2 pontos. Já "A Terra Prometida" teve recorde de 17,8 pontos e audiência mínima de 11,9.

Ou seja, ainda que num patamar inferior ao alcançado por "Os Dez Mandamentos" nos seus últimos meses, parece claro que há um público considerável interessado em novelas bíblicas.

Segundo dados do Ibope, o último capítulo de "A Terra Prometida" registrou 15,5 pontos, enquanto a estreia de "O Rico e Lázaro", exibida em seguida, marcou 15. A estreia de "A Terra Prometida", em 5 de julho de 2016, marcou 17,8 pontos.


Atualizado às 12h

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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