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Vazio, Operação Mesquita recicla velhas ideias e aposta em assistencialismo

Mauricio Stycer

04/03/2017 19h36


Escondido nas madrugadas do SBT por mais de dois anos com um programa que ninguém assistia, Otavio Mesquita ganhou, finalmente, um prêmio do SBT – uma atração aos sábados, em horário bem melhor, às 18h15, e com o seu nome no título.

O único problema é que, assim como já ocorria com "Okay Pessoal", o novo "Operação Mesquita" esbanja falta de criatividade. O programa recolhe ideias de vários outras atrações no ar e, pelo que se viu na estreia, parece não ter nada a dizer.

A primeira parte da "Operação" é batizada de "Rolê". Mesquita convida uma celebridade para andar na garupa de sua moto. É o mesmíssimo formato de um sem número de programas e quadros em que famosos são entrevistados enquanto andam de carro – o grande diferencial é a motocicleta.

Na estreia, na falta de uma celebridade mais inspiradora, o convidado foi Danilo Gentili, apresentador do próprio SBT. Mesquita o levou a uma livraria, à escola onde estudou na adolescência e a uma lanchonete, onde sua mãe apareceu de surpresa.

A entrevista serviu para a promoção do filme "Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola", baseado em um livro de Gentili, que deve estrear este ano.

No momento mais engraçado, diante dos alunos da escola, Mesquita disse: "Eu sou o Amaury Jr. e ele é o Rafinha Bastos". Após reencontrar colegas da infância, Gentili disse: "Temos uma lição a aprender. Todos eles estudavam muito. Eu não. Hoje eles estão me aplaudindo".

A segunda parte da "Operação Mesquita" chama-se "Carona". Dentro de uma van, onde instalou um estúdio móvel, Mesquita dá carona a pessoas comuns vivendo uma situação especial.

O convidado da estreia foi Vitor, um rapaz batalhador, que sonhava tocar na bateria da Unidos de Vila Maria. Em tom assistencialista, o apresentador presenteou Vitor com um surdo, depois o levou a uma gravação do grupo Pixote e mostrou o seu batismo na escola de samba, entre outros mimos.

Entre uma coisa e outra, ainda houve espaço para mostrar uma tentativa de entrevistar Xuxa. Sim, uma tentativa. Porque Mesquita não conseguiu entrevistar Xuxa.

Enfim, para quem imaginava que o apresentador iria aproveitar esta oportunidade com algo novo e interessante, foi uma decepção. O espectador do SBT merece mais.

Audiência: A estreia do novo programa de Otávio Mesquita registrou 4,3 pontos no Ibope, em São Paulo, deixando o SBT em terceiro lugar atrás de Globo e Record. No confronto com o "Cidade Alerta", entre 18h19 e 19h14, "Operação Mesquita" registrou 4,3 pontos contra 7,3 pontos do programa policial da concorrente.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.