Topo

Em 2017, Porchat vai entrevistar anônimos e espera atrair “órfãos do Jô”

Mauricio Stycer

23/02/2017 04h01


A segunda temporada do "Programa do Porchat" só estreia em 6 de março, mas o apresentador já está trabalhando desde o início de fevereiro. Os fãs do talk show da Record podem esperar várias novidades, como ele adiantou em entrevista ao UOL.

Em companhia de Rosana Hermann, chefe de roteiro, Fábio Porchat esteve em Los Angeles, por seis dias, conversando com produtores e redatores de dois talk shows famosos, os de Ellen DeGeneres e Conan O´Brien. De lá, trouxe algumas lições (na foto, no palco do programa do apresentador americano).

"Para sentar na plateia da Ellen é preciso reservar com um ano de antecedência. Quem vai é porque é fã, quer muito participar. Não é de caravana. Faz diferença", conta. "Outra coisa. Eles preparam muito a plateia antes de começar a gravar. Deixam o público animado. Esse calor das pessoas interfere muito na recepção das piadas".

Exibido pela Record, o seu talk show é realizado pela Eyeworks, uma produtora que pertence à Warner – um grupo de mídia ao qual estão vinculados os apresentadores americanos que ele visitou. "Os caras nos receberam muito bem. Assistiram aos episódios do meu programa e comentaram o que viram".

"Conan faz isso há 24 anos. Ellen há 14 (na foto ao lado, Porchat e Rosana Hermann estão no estúdio da apresentadora). Apesar das diferenças de estrutura, é muito semelhante ao que a gente faz", diz.

Desta visita, o apresentador brasileiro voltou convencido a investir mais em entrevistas com figuras anônimas talentosas. "Eles fazem muitas entrevistas com desconhecidos. Descobrem pessoas curiosas, divertidas. Levam para o estúdio, ensaiam para ver se vai render mesmo. E se render, no dia seguinte, gravam para o talk show".

Lembro a Porchat que Jô Soares também fazia muito isso. "Sim. Jô era o You Tube da época. A pessoa ia no Jô e estourava. Mas, depois da internet, mesmo o Jô já não teve a mesma força", diz.

O plano de entrevistar anônimos, garante, não tem relação com a eventual dificuldade de levar gente famosa ao estúdio. "Não vai faltar convidados. Ainda temos uma lista de nomes forte", garante.

Segundo o apresentador, a grande preocupação hoje dos talk shows é produzir e exibir algo no programa capaz de repercutir nas redes sociais. "Todos eles buscam aquele um minuto que vai viralizar na internet. É a busca de todos. Isso faz muita diferença", diz.

Porchat cita a entrevista que fez com Ronnie Von para ilustrar o impacto que a internet pode ter sobre um talk show. "Foi mal na TV, deu 3 pontos, mas um quadro viralizou (veja o trecho aqui). As pessoas dizem: 'Foi a melhor entrevista'. Mas elas não viram na TV". E repete: "Eles buscam muito isso lá nos Estados Unidos também. Qual é o minuto que vai viralizar?".

Porchat promete que vai continuar a tratar de temas polêmicos no talk show. "Os monólogos do programa são sempre focados em política. Tive a alegria de falar de tudo sem receber um 'ai' da Record. Quero manter essa pegada. Dá para bater em todo mundo. A gente é imparcial. Temos sinal verde da emissora para seguir em frente", garante. "Na estreia, vamos exibir um quadro com crianças contando a história da Lava-Jato".

Outro plano é ir mais para a rua, produzir quadros em contato com pessoas no cotidiano. "Já fiz isso em 2016, mas vamos fazer mais este ano."

Ao longo de 2017, Porchat não terá mais a concorrência de Jô Soares, mas vai enfrentar Pedro Bial, que substituirá o Gordo na Globo. "Não faço ideia do que vai ser", diz. "Sei que existe um público carente, que são os órfãos do Jô. Vamos atrás deles. A audiência já subiu em dezembro, depois do último programa do Jô. Em março ainda dá para catequizar pessoas. Bial só estreia em abril."

Siga o blog no Facebook e no Twitter.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.