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Teste com Sophia Abrahão expõe a crise e falta de critérios do "Vídeo Show"

Mauricio Stycer

22/02/2017 12h00


Em crise permanente desde a saída de Mônica Iozzi em fevereiro de 2016, o "Vídeo Show" começou a testar esta semana mais uma apresentadora – a sétima. Sophia Abrahão se senta desde segunda-feira (20) em uma cadeira ocupada nos últimos 12 meses por nomes com perfis tão diferentes quanto Maira Charken, Susana Vieira, Joaquim Lopes, Rafael Cortez, Aline Prado e Giovanna Ewbank.

A dificuldade de encontrar um apresentador se explica pelo fato de Mônica ter criado um tipo original e divertido na bancada, mostrando que é possível fazer graça e ser inteligente mesmo em uma atração dedicada a louvar a própria Globo.

Sem encontrar o prumo, o "Vídeo Show" está totalmente desfigurado. Há 50 dias, por exemplo, dedica quase um terço de sua duração diária para a reprise de "Avenida Brasil" – é como se o quadro "Novelão" tivesse virado um "Vale Pena Ver de Novo".

Na estreia de Sophia Abrahão na nova função, o "Vídeo Show" registrou 12,2 pontos em São Paulo, um aumento de 17% em relação às últimas quatro segundas. Não perdeu para o "Balanço Geral" durante um único minuto – um fato raríssimo, como observou o site Noticias da TV. Já na terça (21), a audiência caiu para 10,1 pontos – um pouco superior à média das últimas quatro terças, que foi de 9,9.

O que pode ter causado este resultado? Aos 25 anos, Sophia é inexperiente, nunca demonstrou maior conhecimento sobre história da TV e não parece especialmente desembaraçada para a função.

Apesar de ter um currículo bem magro na televisão, ela é um fenômeno em matéria de redes sociais: 4,5 milhões de seguidores no Facebook, 3,4 milhões no Instagram e 2,2 milhões no Twitter. Ela só não exibe números milionários no You Tube (conta "apenas" 192 mil inscritos em sua página).

Aos olhos do mercado, para um artista ser bem-sucedido nos dias de hoje não basta fazer trabalhos importantes ou ganhar prêmios relevantes. É preciso cultivar um grande fã-clube nas redes sociais.

A ideia de colocar Sophia Abrahão para apresentar o "Video Show" pode ter vindo daí, sugerindo que o poder destas comunidades na internet estaria orientando decisões dos executivos da emissora.

Quem olhar com atenção a lista de nomes já testados para o lugar de Monica Iozzi perceberá que não há critério nenhum ou lógica alguma a orientar as escolhas. Testar Sophia Abrahão, neste sentido, é justo – com a vantagem que ela traz junto este enorme "capital", o seu fã-clube.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.