“Fomos tratados como criminosos”, diz repórter da Record preso na Venezuela
Presos e, em seguida, expulsos da Venezuela enquanto faziam uma reportagem sobre obras da Odebrecht no país, os jornalistas Leandro Stoliar e Gilson Souza, da Record, desembarcaram na manhã desta segunda-feira (13) em São Paulo apenas com "mochila e roupa de corpo", segundo a descrição de um dos profissionais.
Segundo a Record, os responsáveis pela detenção dos jornalistas apreenderam celulares, tablets, câmera, notebook, pen drive e cartões de memória que eles levavam. Stolair e Souza também foram impedidos de voltar ao hotel para pegar as malas, sendo levados diretamente para o aeroporto.
"A gente voltou com a roupa do corpo e uma mochila que a gente conseguiu separar", disse Stoliar ao programa "Balanço Geral", ao desembarcar em São Paulo. "Assédio moral, cárcere privado, ficar sem comunicação, os policiais seguindo a gente até pra ir ao banheiro… A gente foi tratado como criminoso quando, na verdade, estávamos fazendo apenas o nosso trabalho."
A emissora vai pedir ao Itamaraty que solicite a devolução do equipamento e dos bens pessoais dos jornalistas. E vai pedir apoio das entidades de direitos humanos e que defendem a liberdade de imprensa como Repórteres sem Fronteiras.
Série da Record
A reportagem de Stoliar e Souza é parte de uma série sobre obras de empreiteiras brasileiras na América Latina, realizadas com financiamentos do BNDES. Outras duas equipes estão no exterior, no momento, apurando informações a respeito.
Além da Venezuela, onde ocorreu a prisão dos repórteres, já houve uma viagem à República Dominicana. Outros três países, que a emissora não revela quais são, também serão objeto da série.
Em nota divulgada na noite de domingo (12), a Record repudiou "este tipo de estratégia violenta e típica de regimes que desprezam a democracia para impedir o trabalho jornalístico". Abaixo, a íntegra da nota:
"A RecordTV informa que os jornalistas Leandro Stoliar e Gilson de Oliveira já estão a caminho do Brasil e chegam nesta segunda feira, 05:50 da manhã, em Guarulhos. Os dois trabalhavam na Venezuela numa investigação que está em curso em toda a América Latina sobre investimentos do BNDES em obras de empreiteiras brasileiras no exterior.
Apesar de liberados de madrugada, os dois jornalistas permaneceram durante todo o domingo sob custódia de policiais e militares do SEBIN, Serviço Bolivariano de Inteligência da Venezuela. Equipamentos e celulares foram confiscados e qualquer forma de acesso aos dois foi bloqueada. Diplomatas brasileiros, advogados e representantes de entidades dos direitos humanos, como a Transparência Venezuela e do Sindicato dos Jornalistas Venezuelanos, foram impedidos de conversar com eles durante o dia de hoje.
A RecordTV repudia este tipo de estratégia violenta e típica de regimes que desprezam a democracia para impedir o trabalho jornalístico. E reafirma seu compromisso com a investigação conduzida em vários países. As reportagens serão exibidas numa série especial no Jornal da Record.
Junto com familiares e amigos dos dois jornalistas, a RecordTV espera que eles cheguem em segurança nesta segunda-feira."
Atualizada às 11h30
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