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Netflix prevê que canais de TV vão imitá-la, mas ignora iniciativa da Globo

Mauricio Stycer

22/01/2017 12h38

houseofcards
Ao anunciar esta semana que passou de 93 milhões de assinantes em todo o mundo, a Netflix também fez alguns prognósticos sobre o futuro do seu negócio e o dos concorrentes.

Em carta aos acionistas, o CEO da empresa, Reed Nastings, deu como certo de que a BBC vai começar a oferecer suas séries integralmente na internet antes mesmo que estreiem na TV. É o sistema que a Netflix implantou com "Lilyhammer" (2012) e "House of Cards" (2013), alterando drasticamente a forma de se assistir televisão.

"Presumimos que a HBO não está muito atrás da BBC", acrescentou Hastings, lançando grande expectativa no mercado. Afinal, o canal americano segue divulgando as suas séries no sistema tradicional, ou seja, um episódio por semana na TV e, em seguida, na internet.

Divulgada pelo jornal britânico "The Telegraph" no último dia 10, a informação de que a BBC vai adotar este novo método de exibição de séries ainda não foi confirmada oficialmente. A HBO também não fez nenhum comentário sobre a previsão do CEO da Netflix.

supermaxO curioso é que este relatório da Netflix ignora a experiência feita pela Globo em setembro de 2016. Pela primeira vez, a emissora brasileira colocou em seu aplicativo na internet, de uma só vez, 11 episódios de "Supermax", guardando apenas o último para exibição inédita na TV.

Em maio de 2015, a NBC fez uma experiência semelhante, colocando todos os 13 episódios de "Aquarius", protagonizada por David Duchovny, em seu site no mesmo dia da estreia do primeiro episódio na TV.

As experiências, tanto a americana quanto a brasileira, aparentemente não renderam os resultados esperados. No caso de "Supermax", apesar de ter atraído um público mais jovem, um dos objetivos da emissora, a série registrou baixa audiência ao ser exibida na TV. Até o momento, a Globo não confirmou se fará uma segunda temporada.

A Netflix sempre cita o mercado brasileiro como estratégico por ter sido um dos primeiros lugares onde se instalou. Nas palavras de Hastings, foi um laboratório onde aprendeu a atender clientes internacionais.

Atualizado às 19h

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.