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Por vice-liderança, Record ignora faixa responsável por 29% do faturamento

Mauricio Stycer

02/01/2017 06h01

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O jornalista Ricardo Feltrin informou que a Igreja Universal do Reino de Deus deve pagar à Record cerca de R$ 575 milhões em 2016 pela compra da faixa horária da emissora nas madrugadas (de 1h15 às 6h) de segunda a domingo. A notícia foi divulgada no dia 24 de dezembro.

O colunista do UOL informou que os R$ 575 milhões da Universal representam aproximadamente 28,7% do faturamento total da Record (cerca de R$ 2 bilhões) em 2016.

Esses dados levantam uma questão interessante em relação à postura da emissora sobre índices de audiência. A Record tem defendido que o horário principal da televisão é o de 7h da manhã à meia-noite. Segundo ela, é nesta faixa que se concentra a maior parte do bolo publicitário – e onde ela é vice-líder de audiência.

Ou seja, a Record quer que a faixa responsável por quase 30% do seu faturamento, segundo os dados divulgados por Feltrin, não seja considerada.

Já o SBT, que tem programação normal de madrugada, acha mais justo que os números de audiência sejam analisados na totalidade das 24 horas do dia. Por este critério, a emissora de Silvio Santos tem se mantido na vice-liderança.

Feltrin publicou, ainda, dados sobre a evolução dos gastos da Universal com a compra de horários (veja abaixo) e informou que a igreja se recusou a comentar os números sob a alegação de que há cláusulas de confidencialidade no seu contrato com a Record. A emissora também não se manifestou. Como se sabe, o fundador e líder da igreja, Edir Macedo, é o proprietário da emissora desde 1989.

2006 – R$ 240 milhões
2011 – R$ 480 milhões
2013 – R$ 500 milhões
2015 – R$ 535 milhões
2016 – R$ 575 milhões (estimativa)

O Ministério Público diz que a prática de aluguel de horários, abertamente adotada não apenas pela Record, mas também por Band, RedeTV! e Gazeta, é ilegal, pois caracteriza alienação de concessão pública. Como, porém, não há veto explícito na legislação, a prática tornou-se comum no mercado.

A Record procurou o blog para afirmar que não apenas ela, mas também os seus concorrentes, entre os quais a Globo, consideram a faixa das 7h à 0h como a principal.

A imagem no alto reproduz um momento do programa "Fala que Eu Te Escuto" exibido na madrugada de 1º de janeiro de 2017, que contou com a participação de Macedo e teve como tema o suicídio.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.