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Com não-entrevista ao RJTV, Crivella parte para conflito aberto com a Globo

Mauricio Stycer

25/10/2016 21h05

rjtvcadeiravaziaCandidato à Prefeitura do Rio, Marcelo Crivella (PRB) deixou explícito, nesta terça-feira (25), que enxerga a Globo como adversária de sua campanha. Em um "ato de protesto", como classificou, faltou a três compromissos que tinha com veículos do grupo – em rádio, TV e internet, acusando-o de estar fazendo uma "cobertura manipuladora e tendenciosa" da sua campanha.

Na lugar da entrevista que seria vista pelo maior público, no "RJ TV segunda edição", às 19h30, a apresentadora Ana Luiza Guimarães exibiu uma poltrona vazia e leu, por quase seis minutos, as duas dezenas de perguntas que planejava fazer a Crivella.

Também leu a nota enviada pelo candidato, justificando a sua ausência, e uma resposta oficial da Globo às críticas. "Essa postura independente de fato irrita aqueles que preferem, em benefício próprio, que a imprensa se cale, em prejuízo dos eleitores, que tudo devem conhecer para fazer seus julgamentos", disse a apresentadora. No total, foram nove minutos de exposição negativa para Crivella.

rjtvcrivellaperguntaLíder nas pesquisas, o candidato certamente sabia do impacto que a sua ausência causaria. O gesto envolve um cálculo difícil de fazer sobre o que é menos danoso – se expor a perguntas difíceis ou deixá-las sem resposta, acusando a emissora de estar querendo prejudicá-lo.

Várias das perguntas não feitas diziam respeito à ligação de Crivella com a Igreja Universal, a posições conservadoras, intolerantes e preconceituosas que defendeu no passado e à mistura de religião com política. A igreja é liderada por Edir Macedo, seu tio, também proprietário da Rede Record, a principal concorrente da Globo.

É impossível, por isso, não ver na atitude de Crivella um reflexo, também, desta disputa entre as duas emissoras. E a sua crença de que explicitar este conflito pode ser benéfico para a sua candidatura.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.