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Por que a Globo deixou passar erro absurdo de escalação em A Lei do Amor

Mauricio Stycer

17/10/2016 19h00

leidoamormontagemmegtiaoA montagem acima deixa bem claro o equívoco cometido na escalação dos atores que interpretaram os personagens Magnólia e Tião no prólogo de "A Lei do Amor". Por ser tão evidente, é difícil de entender por que a Globo deixou que acontecesse.

A novela começou em 1995 e, depois de quatro capítulos, deu um salto de mais de 20 anos. Na primeira fase (imagens do meio), a personagem feminina foi vivida por Vera Holtz e o rapaz foi interpretado por Thiago Martins. Vinte anos depois, a mesma atriz continuou com o papel de Magnólia, mas o ator foi substituído por José Mayer (imagens da direita).

No capítulo da última sexta-feira (14), o público foi informado que Tião e Magnólia tiveram um caso na juventude, bem antes de 1995. A novela exibiu um longo flahsback, com o personagem se recordando dos tempos em que era operário em uma olaria, cujo dono era o pai da moça.

Ao longo do flashback, Tião foi representado por Thiago Martins, enquanto Magnólia foi vivida por Ana Carolina Godoy (imagens da esquerda).

Martins tem 28 anos, Vera fez 63 e Mayer está com 67. É preciso "voar" muito para aceitar que o Tião de 1995 (quando conheceu Helô, então vivida por Isabelle Drummond) pudesse ter praticamente a mesma idade da Magnólia de 95.

Esse erro grosseiro poderia ter sido evitado se Ana Carolina Godoy tivesse sido escalada para viver Magnólia no prólogo. A opção deve ter sido descartada pela necessidade de caracterizar a matriarca da família Leitão com uma atriz mais experiente.

A outra opção teria sido colocar José Mayer no prólogo, com uma caracterização remoçada. Mas o ator não quis, segundo disse ao UOL: "Eles queriam que eu fizesse as duas fases, iriam me rejuvenescer, veio até um maquiador dos bons de Los Angeles, mas eu falei que não iria funcionar e também não achei interessante. Merecia um intérprete jovem, e foi ótimo".

A julgar por este relato, José Mayer decidiu que o espectador deveria engolir um absurdo e ficou por isso mesmo.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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