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Após meses de críticas, Globo afaga a CBF com matéria sobre projeto social

Mauricio Stycer

08/10/2016 11h42

globocbfOs maus resultados da seleção brasileira no primeiro semestre levaram a Globo, por meio de Galvão Bueno, a elevar o tom das críticas contra o então técnico Dunga, a CBF e o presidente da entidade, Marco Polo Del Nero.

No dia seguinte à precoce eliminação da Copa América, em 13 de junho, Galvão disse que "os problemas da seleção vão muito além das quatro linhas". E detonou: "A crise atual é herança maldita de ex-presidentes presos, indiciados ou investigados pela Justiça. E um deles permanece no poder. Será que, neste momento crítico, Marco Polo del Nero tem condições de decidir sobre o futuro da seleção brasileira?".

Quase quatro meses depois, nesta quinta-feira (6), a Globo mostrou desprendimento e generosidade com a entidade presidida por Del Nero. No intervalo de Brasil e Bolívia, Galvão convidou o espectador a assistir uma reportagem de Mauro Naves, um dos principais repórteres esportivos do canal, sobre um projeto social da CBF em Natal.

Por 60 segundos, Naves mostrou a visita do ex-jogador Jairzinho a um hospital que recebe recursos da CBF – uma reportagem claramente de caráter promocional, feita para dar uma força à entidade.

O que aconteceu nos últimos 110 dias para explicar esta mudança de comportamento? Dunga foi substituído por Tite no comando da seleção, o Brasil ganhou o ouro na Rio-2016, Neymar deixou de ser o capitão do time, como queria Galvão, e a Globo superou o Esporte Interativo na concorrência pelos direitos da Copa do Brasil a partir de 2018, num compromisso estimado em cerca de R$ 350 milhões.

Del Nero continua com os mesmos problemas que tinha no primeiro semestre, mas Galvão parece não se lembrar mais disso.

Este texto foi publicado originalmente no blog UOL Esporte Vê TV.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.