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Globo lembra de racismo a brasileiro na Europa e pede desculpa a francês

Mauricio Stycer

18/08/2016 06h01

uchoalavilinerO francês Renaud Lavillenie comentou em entrevista à Globo nesta quarta-feira (17) os dois episódios de vaia que enfrentou – o primeiro na prova de salto com vara e o segundo na cerimônia de entrega de medalha.

Lavillenie culpou o público brasileiro presente no Estádio Olímpico pela sua derrota para o brasileiro Thiago Braz, chegando a sugerir que as vaias que recebeu ao saltar se comparavam àquelas ouvidas por Jesse Owens no estádio Olímpico de Berlim, em 1936. Por conta de suas declarações, voltou a ser vaiado ao receber a medalha de prata – e chorou no pódio.

Antes mesmo de fazer qualquer pergunta, o repórter Marcos Uchôa criticou os que vaiaram o atleta francês: "O público brasileiro não conhecia muito bem o protocolo, a maneira de se comportar nesta competição particular, que é muito difícil e perigosa."

Lavillenie disse que não teve a intenção de chamar o Brasil de nazista ou racista, ao lembrar do episódio com o atleta americano. O repórter lembrou ao atleta que, na Europa, muitos jogadores brasileiros são chamados de "macacos" por torcedores.

O saltador contou que o choro no pódio foi consequência das vaias que recebeu na cerimônia de premiação, mas lembrou que tem recebido muito carinho ao passear pela cidade.

Como se fosse um representante do governo brasileiro, Uchôa pediu desculpas a Lavillenie, enfatizando que o comportamento de parte do público no Engenhão não representa a totalidade dos brasileiros. "Eu queria que ele entendesse que isso não representa, de maneira nenhuma, os brasileiros", explicou.

Este texto foi publicado originalmente no UOL Esporte.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.