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“Tamanho Família” força tanto a barra na emoção que até quem não quer chora

Mauricio Stycer

31/07/2016 05h01

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Antes mesmo da estreia, depois de assistir a trechos de um "programa zero" que a Globo colocou em seu aplicativo on-line, observei que, bem mais do que um game show, "Tamanho Família" seria um programa destinado a emocionar e fazer chorar.

Neste domingo (31) vai ao ar o quarto episódio e já é possível afirmar que o programa comandado por Marcio Garcia é uma usina destinada a produzir lágrimas nos participantes e nos espectadores. Competindo com o "Domingo Show", da Record, outra atração com vocação idêntica, "Tamanho Família" nem esconde mais os seus objetivos.

No programa do último domingo (24), inclusive, os dois convidados principais, a cantora Anitta e o ator e cantor Arthur Aguiar, manifestaram desconforto com a forma como Marcio Garcia forçou a barra para emocioná-los.

tamanhofamiliaanittachoro2A primeira vítima foi Anitta. O apresentador lembrou de uma música que ela fez para a mãe no início da carreira, e que a avó ouviu dois dias antes de morrer. "Não vou cantar aqui porque, se começar, eu choro até o final e não tem programa", avisou a cantora.

"Não, você não vai cantar. Vão cantar pra você", respondeu Garcia. "Ai, meu Deus", disse ela, imaginando o que viria. "Já deixa aqui o nosso lencinho pra qualquer emergência", ofereceu o apresentador. "Pô, você acha isso legal, cara?", reclamou ela. Miriam, mãe de Anitta, surgiu então no palco interpretando a canção, enquanto a cantora se desfazia em lágrimas.

A segunda vítima foi Arthur Aguiar. "Vai chegar a minha hora", ele percebeu quando Garcia puxou assunto sobre uma tia-avó, Hilca, octogenária. O ator disse que realizou um grande sonho de sua "segunda mãe" ao levá-la a um show de Roberto Carlos.

Ao som de "Como É Grande o Meu Amor por Você", a tia de Aguiar apareceu no palco, segurando a rosa que ganhou no show do Rei. As primeiras palavras do ator foram: "Pô, vocês estão pegando pesado".

Frágil, ela contou estar "meio adoentada". Satisfeito, Marcio Garcia disse o óbvio: "Muita emoção, né, gente?". Arthur Aguiar repetiu a reclamação: "Vocês pegaram pesado, cara". O apresentador concluiu: "Essa emoção é muito boa de se sentir. Faz bem para o coração".

Não sei se faz bem para o coração, mas da audiência a Globo não tem do que reclamar: com médias entre 11 e 13 pontos, em São Paulo, "Tamanho Família" tem se mantido em primeiro lugar, à frente dos concorrentes.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.