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'Arliza' ou 'Joliza'? Fã-clubes de casais impulsionaram “Totalmente Demais”

Mauricio Stycer

10/05/2016 05h01

totalmentedemaisarturelizajonatasToda comédia romântica que se preze tem um bom casal para o público torcer. O roteiro básico prevê alguns passos obrigatórios: eles se conhecem, se apaixonam, vivem um lindo amor, mas logo surge algum vilão para atrapalhar e colocar pedras no caminho.

No caso de uma novela, os problemas costumam se estender até o último capítulo, quando os dois, finalmente, conseguem superar os obstáculos, se beijar e viver felizes para sempre.

"Totalmente Demais", o maior sucesso de uma novela das 19h30 da Globo desde 2012, promete um final deste tipo, no dia 27 de maio. A história deve terminar com um beijo da heroína, Eliza (Marina Ruy Barbosa), no seu príncipe encantado. Ou melhor, em um de seus dois príncipes encantados.

Não chega a ser novidade este arranjo, mas Rosane Svartman e Paulo Halm, os autores da novela, foram especialmente bem-sucedidos na construção dos dois personagens que disputam o coração de Eliza.

totalmentedemaispaulorosanebilheteO publico está claramente dividido. Parte deseja que o último beijo da jovem seja em Jonatas (Felipe Simas); a outra parte quer ver a heroína nos braços de Arthur (Fábio Assunção). Um representa o primeiro amor, puro e sem segundas intenções; o outro é o homem vivido, que transformou e foi transformado pela moça ingênua.

Nesta época em que as redes sociais repercutem e ajudam a impulsionar programas de televisão, conseguir emplacar dois casais em uma mesma novela é um feito e tanto. Quem percorre o Twitter ou o Facebook vê como os fã-clubes se dividem, "shipando" com paixão "Arliza" e "Joliza".

Chamado de "shipar", o ato de juntar sílabas dos nomes dos personagens, para designar os fã-clubes, é o efeito mais visível do sucesso de uma história romântica. Abrasileirado, o verbo deriva da palavra "relationship" (relacionamento).

Seja com quem Eliza ficar no final, "Totalmente Demais" deixa a lição de que não basta apenas reciclar histórias conhecidas para emplacar uma novela de sucesso. A fórmula é mais complexa. Mesmo sem um pingo de inovação, a novela de Svartman e Halm conseguiu oferecer um entretenimento acima da média – e ainda vai deixar parte do público com o coração partido.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.