Topo

Record vê modelo de futebol da Globo como inviável para parceiros

Mauricio Stycer

05/05/2016 11h49

MicrofoneGloboA desistência da Band em transmitir o Campeonato Brasileiro, depois de dez anos de parceria com a Globo, é o assunto do dia no mundo do futebol e da televisão. Entre as muitas dúvidas que o gesto da emissora provocou, a que exige resposta mais urgente é: a nove dias do início da competição, alguma outra emissora se habilita a entrar no negócio?

Última parceira da Globo antes da Band, a Record sinaliza que não tem interesse algum em exibir o Brasileiro nas condições estabelecidas, há anos, pela dona dos direitos. Para a emissora, a exigência de mostrar a mesma partida que a Globo, tanto aos domingos quanto às quartas, não faz sentido.

A Record acha justo que quem pague mais escolha a partida que deseja exibir. Mas não vê sentido em ser obrigada, como a Band sempre aceitou, a mostrar de forma simultânea o mesmo jogo.

Estimando que a Band pague cerca de US$ 50 milhões (cerca de R$ 175 milhões) por ano à Globo, é preciso faturar, com publicidade, entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões apenas para arcar com todos os custos – praticamente o faturamento anual de uma emissora do porte da RedeTV!.

É possível especular que a Globo terá muita dificuldade em encontrar um parceiro este ano. O SBT não teria interesse em acomodar futebol aos domingos em sua grade. E a RedeTV!, que exibe a Série B, não teria os recursos necessários.

Outro parceiro em potencial neste mercado seria a TV Brasil. A emissora tem feito alguns investimentos nesta área. Desde 2012, exibe a Série C do Brasileiro. O momento político do país, no entanto, deve dificultar uma decisão neste momento.

Veja também
Globo anuncia que Band deixará de transmitir Campeonato Brasileiro
Por que a Globo precisa de um concorrente para transmitir futebol no Brasil

Este texto foi publicado originalmente no blog UOL Esporte Vê TV

Siga o blog no Facebook e no Twitter.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.