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“A Liga” decepciona ao tratar do universo dos bilionários sem acesso a eles

Mauricio Stycer

19/04/2016 11h44

aliga2016

De um programa jornalístico semanal com quatro repórteres é justo esperar algum grau de elaboração e profundidade. Por isso é difícil ser condescendente com a estreia da sétima temporada de "A Liga", na Band, dedicada ao universo dos bilionários.

Agora às segundas-feiras, na faixa antes ocupada pelo "CQC", a atração retornou com dois novos repórteres, Maria Paula (ex-Casseta & Planeta) e Guga Noblat (ex-CQC), além do veterano Thaíde, presente desde a estreia, e de Mariana Weickert.

De bilionários mesmo, o programa só conseguiu amplo acesso a Flavio Augusto da Silva, criador da rede Wise Up, que mora em Orlando (EUA). Em entrevista a Mariana, ele falou de sua vida, deu conselhos e mostrou alguns bastidores de seu cotidiano à frente do Orlando City, equipe de futebol que adquiriu.

Já Maria Paula conversou brevemente com Marcos Ermírio de Moraes, em uma das fazendas do empresário. Pouco à vontade, tanto a repórter quanto o entrevistado deram a impressão que estavam ali por obrigação – para o público, não houve maior interesse no encontro.

O primeiro episódio de "A Liga" ainda mostrou o cotidiano fútil de uma milionária, Cozete Gomes, que já havia exposto a sua intimidade no reality "Mulheres Ricas", de triste memória, e de um ricaço americano de Orlando, sem que houvesse qualquer justificativa para aparecer ali.

O programa escolheu um tema muito difícil. É natural que bilionários brasileiros não queiram aparecer na televisão.

Diante do resultado, enfim, teria sido mais sábio escolher outro tema para a estreia. Este foi decepcionante, ainda mais para uma atração que já prestou bons serviços ao jornalismo. Espero que os próximos episódios tenham mais qualidade.

Audiência: "A Liga" registrou 2,9 pontos no Ibope em São Paulo (cada ponto equivale a 69 mil residências).

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.