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Números de “Os Dez Mandamentos” não são tão bons quanto a Record diz

Mauricio Stycer

11/04/2016 12h51

dezmandamentossegundamoisesExibidos os cinco primeiros capítulos da nova temporada de "Os Dez Mandamentos", ainda não é possível tirar nenhuma conclusão sobre o desempenho da novela no Ibope. Os números disponíveis até agora sugerem várias interpretações, desde as mais otimistas, como a Record tem divulgado, até as mais pessimistas, que a emissora evidentemente não anuncia.

Uma maneira de medir o desempenho de um programa no Ibope é comparando-o com os números registrados em um período imediatamente anterior, quando ele ainda não era exibido. Todas as emissoras fazem isso, como a Record fez ao fim da primeira semana de "Os Dez Mandamentos".

Comparando os números dos quatro primeiros capítulos, de segunda (4) a quinta (7) com os da semana anterior, quando exibiu "Sansão e Dalila", a emissora festejou um grande crescimento. No confronto de poucos minutos com "Velho Chico", o aumento da Record foi de 57%, enquanto a novela da Globo perdeu 6%. Contra o "JN", a emissora cresceu 48% enquanto o concorrente caiu 8%.

Outra comparação legítima, também feita pela emissora, foi entre o Ibope alcançado na estreia da segunda temporada de "Os Dez Mandamentos" (18,9 pontos) com o da estreia da primeira, em março de 2015 (12 pontos) – um crescimento fantástico.

Mas há outras comparações possíveis, igualmente válidas, que sugerem um quadro menos otimista. Como esta novela é uma continuação da anterior, não é incorreto observar se está conseguindo manter o número de espectadores. O último capítulo de "Os Dez Mandamentos", em novembro, registrou 23,5 pontos em São Paulo, enquanto a estreia da nova temporada, agora em abril, marcou 18,9 – uma queda de 20%.

Em sua primeira semana, a novela teve média de 16,1 pontos. Na última semana da primeira fase, a média foi de 20 pontos. A Record prefere comparar a média desta primeira semana com a das últimas quatro, quando exibiu "Sansão e Dalila", cujo desempenho foi o pior entre as suas séries bíblicas, com 12 pontos.

Outra maneira de analisar o desempenho da novela é ver como se comportou depois da estreia. Os números mostram uma curva descendente. Veja:

4/4 (estreia): 18, 9
5/4: 16,5
6/4: 16,1
7/4: 15,3
8/4: 13,8

Em cinco dias, a nova temporada perdeu 27% dos seus espectadores. É um sinal – preocupante – de que, superada a expectativa de estreia, não agradou a parte do público.

Como se vê, os mesmos números mostram coisas muito diferentes. Acho que convém esperar mais um pouco antes de festejar.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.