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SBT sinaliza que desistiu de crescer e joga pra “torcida” em nova campanha

Mauricio Stycer

21/03/2016 10h17

sbttorcida
Disputando palmo a palmo com a Record a vice-liderança de audiência no Brasil, o SBT conta a seu favor com uma imagem altamente positiva, construída ao longo de sua história

Os slogans (ou "assinaturas") que adotou neste período refletem muito da atitude da emissora e de seu líder, Silvio Santos – "A TV mais feliz do Brasil", "A cara do Brasil", "A TV dos brasileiros", "Liderança absoluta do segundo lugar".

Por tudo isso, é espantosa a ideia que a emissora escolheu para festejar os 35 anos, que se completam em agosto. A campanha, lançada neste domingo (20), apresenta o SBT como "A TV que tem torcida".

O que isso quer dizer? "Reforçar um diferencial do qual muito se orgulha: um público que comemora e acompanha com entusiasmo cada novidade, conquista e momento do SBT", informa a emissora.

Segundo o diretor de Planejamento Artístico Fernando Pelegio a ideia é exaltar o fã da emissora: "São pessoas que, espontaneamente, se autodenominam 'SBTistas', torcem e vibram com tudo relacionado ao SBT. Nenhuma emissora tem isso. É um ativo muito forte que vamos nos apropriar ainda mais, em um momento em que essa torcida só cresce, com o surgimento de novidades e inovação em nossa grade. E hoje, o que mais uma emissora de TV pode valorizar do que o carinho, fidelidade e crescimento de sua torcida, sua audiência?"

É difícil concordar. Num momento de crise e retração do mercado, o SBT parece, com esta campanha, estar fazendo justamente o contrário do que diz Pelegio. Ou seja, abrindo mão de conquistar novos públicos e buscando fazer um agrado à "torcida" mais fiel. Não me parece uma boa estratégia.

Veja abaixo um vídeo da campanha:

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.