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Globo diz não comentar "publicamente" opiniões "equivocadas" de contratados

Mauricio Stycer

15/03/2016 12h41

O acirramento da crise política está tirando da toca gente que costuma evitar comentários públicos sobre o assunto. As manifestações do último dia 13, por exemplo, contaram com o apoio e a participação de vários artistas da Globo. Jornalistas do grupo também fizeram comentários favoráveis ao movimento em suas redes sociais. Outros contratados da emissora, favoráveis ao governo ou críticos da postura dos opositores, igualmente, se manifestaram publicamente.

A Globo não permite que contratados seus participem de campanhas eleitorais caso estejam no ar em algum programa. Mas não faz nenhuma restrição ao engajamento político e a manifestações públicas sobre temas da atualidade.

A emissora parece ser mais sensível a comentários que envolvam o seu próprio papel na cobertura dos acontecimentos. Foi por este terreno que a atriz Monica Iozzi se arriscou no último domingo, no Twitter.

monicaiozzimanifestacaotwitterEla primeiro ironizou como seria informado o número de participantes: "Segundo organizadores: 2 milhões. Folha: 1 milhão. PM: 600 mil. PT: 5 mil. Veja: Maior manifestação de todos os tempos!"

Depois, sugeriu que a população está mal informada sobre os acontecimentos: "Meu Deus!!! Que momento triste vivemos. Como estamos equivocados, cegos. Somos um povo que se informa apenas por manchetes do JN…"

E acrescentou: "Não aprovo governo, não aprovo oposição. Acho a mídia tendenciosa. Não me sinto bem informada, nem representada por ninguém. E agora, José?"

Enviei à Globo cinco perguntas: Qual é orientação da Globo sobre manifestações públicas de seus contratados a respeito de política? Há alguma nova diretriz a respeito? Há alguma diferença, no caso de artistas, se eles estão no ar ou não? E no caso de jornalistas? No caso específico de um comentário da Monica Iozzi feito no Twitter, com menção ao Jornal Nacional, configura desrespeito a alguma regra interna?

A emissora respondeu com apenas uma observação: "A Globo não se manifesta publicamente sobre comentários pessoais, equivocados ou não, de seus contratados." Insisti por mais detalhes (A resposta se refere à última pergunta? Qual é o critério de avaliação dos comentários? Como se sabe se é "equivocado" ou não?), sem sucesso.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.