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Na defensiva, Gentili volta dizendo que querem tirar o “The Noite” do ar

Mauricio Stycer

08/03/2016 11h16


Danilo Gentili abriu o primeiro "The Noite" de 2016 com um longo esquete no qual encenou o suposto julgamento do programa, acusado de crimes como "difamação de celebridades queridas" e "fazer chacota de pessoas obesas".

Fora do "tribunal", uma repórter avisou: "É o julgamento do povo contra o programa 'The Noite'. Eles querem o Danilo Gentili fora daqui". Cartazes "acusavam" o humorista de "machista", "terrorista" e pediam "humor do bem".

thenoitemachistaNo momento de se defender diante do "juiz", o apresentador do talk show do SBT disse: "Hoje em dia tudo é ofensivo. Eu sou ofensivo, minhas piadas são ofensivas… Ninguém nunca me perguntou o que é ofensivo. Sabe o que é ofensivo pra mim? Quem ri de uma piada do 'Tomara Que Caia'. Mas nem por isso mando cartinha pra Rede Globo tirar o programa do ar."

Em seguida, dirigindo-se aos que supostamente querem o fim do seu programa, o humorista disse: "E por que vocês fazem isso comigo? Vocês não estão enxergando que se tirarem o 'The Noite' do ar, logo logo vão ter que tirar outro programa do ar, depois outro programa do ar, depois outro, até que a televisão só vai ter programas que agradem os poderosos."

E, por fim, pregou: "É isso que o pessoal do politicamente correto não entende. E é isso que estou defendendo aqui. Um país onde as pessoas têm a liberdade de simplesmente mudar de canal se não gostarem do meu programa, mas um país onde a liberdade existe, não proíbe nem censura nada."

thenoiteproibidojusticaO "The Noite" é um talk show temperado por muito humor e o apresentador se consagrou inicialmente fazendo stand up. Mas não deixa de ser surpreendente estrear a terceira temporada apresentando logo de início um quadro em que se coloca na posição de vítima do "politicamente correto" e objeto de uma suposta campanha para tirar o programa do ar.

É verdade que Danilo Gentili foi alvo de críticas e processos judiciais nos últimos anos por conta de piadas que fez. É do jogo. Mas mudar de canal, como ele pede, não resolve os problemas que, na visão dos que o acusam, suas piadas provocam.

Ao criticar o politicamente correto, o humorista mais uma vez mostra que é politicamente primário, incapaz de compreender o lugar que ocupa. O "The Noite" é vice-líder no horário e, não raro, alcança o primeiro lugar.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.