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Dez sugestões para Xuxa sair da lama

Mauricio Stycer

27/01/2016 05h01

xuxarapazamericano
Depois de uma primeira temporada frustrante, tanto em matéria de audiência quanto de conteúdo, Xuxa Meneghel começa o segundo ano na Record sob pressão. O seu programa deixou de ser ao vivo, o diretor acaba de ser afastado e os boatos sobre uma crise com a emissora não param de pipocar. Acompanhei a primeira temporada com atenção e tomo a liberdade de fazer algumas sugestões para a apresentadora sair desta situação complicada.

Estimada Xuxa,

Fale menos da rainha dos baixinhos
. Parte do seu público ainda é fascinado pela figura que descia da nave no programa infantil, mas você não pode ficar alimentando esses fãs com lembranças do passado. Isso é profundamente desinteressante para o público adulto.

Chega de "Toc Toc"
. Quem aguenta toda semana ver algum velho fã seu gritar ao te ver na porta de casa? Esse quadro é muito egocêntrico, Xuxa. Só interessa para mostrar ao público que seus velhos fãs ainda são loucos por você.

zezelucianoxuxa2Ouça mais e deixe os convidados falarem
. Não precisa ficar lembrando a toda hora quem é você, o que você já fez e pensa sobre todos os assuntos. Se você recebe convidados no auditório, seja curiosa e generosa com eles, convidando-os a falar sobre o que o público ainda não sabe.

Use a internet com moderação
. Não precisa a todo momento ficar evocando memes ou notícias publicadas em sites para mostrar que você está antenada e conectada. Parece que você descobriu a internet ontem.

Aceite críticas e ouça sua equipe
. Silvio Santos foi deselegante ao te chamar de "rapaz americano", mas você perdeu uma oportunidade gigante de mostrar bom humor e superioridade ao bater boca com o Patrão. Escute o que o seu diretor e assistentes têm a dizer sobre o seu programa.

XuxaacordandoSeja adulta
. Você vai fazer 53 anos em 2016. Já passou da hora de ficar fazendo piadinhas infantis sobre sexo. Aquele quadro "Conto de fadas" é das coisas mais bobas já exibidas na televisão.

Pare de reclamar
. Ninguém aguenta mais ouvir você insinuar que pode ou não falar determinadas coisas na Record. Também é feio ver você lamentar que na Globo não tinha liberdade ou ajuda.

Esqueça da Ellen DeGeneres
. E pare de ficar evocando a Hebe Camargo. Você tem que encontrar uma personalidade própria e não ficar macaqueando figuras conhecidas. Ninguém vai ligar a TV para ver você imitando uma apresentadora americana.

xuxahater2Evite as histórias tristes
. Siga firme neste propósito, que você mesmo anunciou em seu programa. É uma das melhores características dele e o diferencia da quase totalidade da grade da Record.

Relaxe e ria de você mesma. Você já deu sinais de que está se levando menos a sério, como no encontro com uma "hater" logo na estreia. Mas acho que esta postura ainda é muito de fachada. Não se leve tão a sério mesmo!

Se nada mais der certo, Xuxa, sugiro que você tente um espaço no SBT. Talvez você funcione melhor na emissora de Silvio Santos do que na de Edir Macedo.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.