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Top 15: os piores momentos da televisão em 2015

Mauricio Stycer

21/12/2015 05h01

pioresdoanomontagem

A segunda retrospectiva de 2015 do blog traz uma quinzena de momentos pouco felizes na televisão. Junto na mesma lista programas que não deram certo e derrapadas em algumas atrações. Como toda relação deste tipo, esta minha é bem pessoal e aberta a sugestões, criticas e comentários dos leitores.

BabiloniaReginapraia
Babilônia: A intensa campanha de lançamento e o eletrizante capítulo de estreia produziram uma expectativa enorme em relação ao retorno de Gilberto Braga ao horário nobre da Globo. A decepção que se seguiu foi, proporcionalmente, gigante. "Babilônia" sofreu por suas qualidades e defeitos. Os temas polêmicos que abordou desagradaram parte do público, levando a Globo a exigir mudanças na novela. Por outro lado, a história se revelou pobre, sem grandes atrativos. Com baixa audiência, perdendo frequentemente para a novela das 19h, teve o seu desfecho antecipado e exibiu um último capítulo da pior qualidade.

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Gugu versus Ratinho: Na disputa pela vice-liderança nas noites de terças, quartas e quintas, os apresentadores da Record e do SBT exibiram armas bem pouco convencionais. Gugu fez entrevistas bombásticas com celebridades presas, como Suzane von Richthofen e o goleiro Bruno. Ratinho reagiu com a brincadeira do "rabo quente". Gugu propôs teste de DNA para um galo. Ratinho caçou fantasmas em seu estúdio. Gugu reviveu o famoso quadro da banheira. Ratinho entrevistou uma garota de programa anã. Em resumo, regredimos à década de 90.

cqc2015
CQC: Cansado, sem ideias novas, mas ainda com fé na marca, o "CQC" tentou se reinventar em 2015 da maneira mais cômoda possível — trocando apresentadores e repórteres. Saíram Marcelo Tas e Oscar filho e entraram Dan Stulbach e Rafael Cortez na bancada. Óbvio que não funcionou. Com audiência entre 2 e 3 pontos ao longo do ano, a Band finalmente tomou a decisão que deveria tomado um ano antes: não fará o programa em 2016.

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Superpop: O programa da simpática Luciana Gimenez estreou novo cenário, mas continua com enorme dificuldades em renovar a pauta de atrações. Dois exemplos de 2015 ajudam a ilustrar como a atração da RedeTV! continua no século passado. Em um programa, Luciana entrevistou a pastora Yonara, que descreveu uma das visitas que fez ao inferno, dizendo que se parece com "uma garganta com uma crosta verde". Em outro, a ex-paquita Ana Paula Almeida afirmou que Xuxa mandou queimar um dos seus discos depois de constatar que uma música, se rodada de trás para frente, reproduzia "uma voz assim… como se fosse Satanás".

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Tomara que Caia: Um programa de humor sem graça é indesculpável. Lançado em julho, foi cancelado na primeira semana de novembro. Foi tão transformado nestes poucos meses que quase nada sobrou da ideia original – uma mistura de humorístico com competição, tendo por base o improviso, tudo mediado por votos e decisões do público. Um erro de origem, na minha opinião, comprometeu todo o esforço de criação do "Tomara que Caia" – a escalação de atores sem o menor traquejo para o improviso.

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Xuxa: Maior contratação da história recente da Record, a eterna rainha dos baixinhos estreou em agosto um programa cujo maior atrativo tem sido o culto a personalidade da própria apresentadora. Apesar de destinado ao público adulto, a atração não consegue disfarçar o jeito infantilóide de Xuxa, com suas piadinhas sobre o que pode ou não falar na emissora, as entrevistas "picantes" com celebridades e os joguinhos de auditório. Precisa melhorar muito em 2016.

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Show de hipnose da Eliana: No esforço para reverter a vantagem de Rodrigo Faro no Ibope, apresentadora do SBT submeteu seus espectadores a um constrangedor "show de hipnose". Diante de sete cobaias, que ninguém explicou como foram escolhidas, o hipnólogo apresentou o seu número. "Sei que parece combinado", disse o profissional depois de fazer todos dormirem.

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Pânico: Em junho o humorístico da Band estreou o "Pânico´s Chef", uma paródia com ótimas imitações da competição gastronômica exibida pela própria emissora. O único problema é que o programa já contava, desde março, com uma outra paródia do "Master Chef", o "Master Jegue", protagonizada por Tiririca. Além da falta de imaginação, a turma deu um show de grosseria no final do ano, quando um repórter aplicou uma lambida numa participante da Comic Con.

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The Bachelor: Famoso nos Estados Unidos, onde já teve 18 temporadas, e exibido com mais ou menos sucesso em três dezenas de países, o reality que promete encontrar uma namorada para um solteirão cobiçado ganhou uma versão brasileira na RedeTV!. A promessa de brigas, confusão e cenas picantes nunca se concretizou. O italiano Gianluca Perino, chamado pelo apresentador Fabio Arruda de "príncipe encantado", não convenceu como o galã da história. A produção deixou a desejar. E nenhuma das 25 mulheres será lembrada.

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Partiu Shopping: Depois de quase quatro anos fora da TV, Tom Cavalcante foi recebido de braços abertos pelo Multishow, onde desenvolveu esta série desastrosa. O texto, ainda que Tom tenha prometido fugir das grosserias habituais, é um amontoado de bobagens. Ao final, quem mais chamou a atenção não foi ninguém do elenco, mas o cenário, em dois pavimentos, com duas escadas rolantes, por onde figurantes passaram o programa inteiro subindo e descendo. Tom também fez, em 2015, uma participação especial em "Tomara que Caia", na Globo, outro programa de humor sem graça.

A barriga de Dez Mandamentos: Como qualquer emissora faria, a Record esticou o seu maior sucesso de 2015 o quanto pode. Antes da abertura do Mar Vermelho (veja o vídeo acima), as dez pragas enviadas por Deus ao Egito serviram de pretexto para a encheção de linguiça. Da primeira à última, que levou o faraó a deixar os hebreus partirem, foram intermináveis 50 capítulos. Além de entupir os episódios de flashbacks, a emissora também aumentou o tempo dedicado ao resumo do capítulo anterior, chegando a enrolar o público por até 10 minutos em uma noite.

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Final do MasterChef: A Band conseguiu fazer uma enorme confusão no último episódio do seu programa de maior sucesso no ano. Sem que o público soubesse, a final foi gravada previamente no mesmo dia da semifinal, fazendo com que a apresentadora e os candidatos aparecessem com o mesmo figurino e visual. Também confundiu o público a oscilação entre o que já estava gravado e o que acontecia ao vivo. A prova decisiva, igualmente, não causou emoção. E a melhor candidata, Jiang, ficou em terceiro lugar.

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Chapa Quente: Com a difícil tarefa de ocupar a faixa horária que pertencia ao clássico "A Grande Família", este novo seriado de humor deixou a desejar na primeira temporada. Criada por Claudio Paiva, com Leandro Hassum e Ingrid Guimarães como protagonistas, a comédia insistiu em temas batidos, tipos manjados e situações já vistas em outros programas do gênero. A emissora tem na própria grade um exemplo de série de humor mais original, ousada e interessante, que é "Pé na Cova".

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Andressa Urach convertida: Por três anos, nenhuma celebridade brasileira foi mais atrevida que Andressa Urach na busca pela fama. Radicalmente despudorada, ela batalhou – e conseguiu – ser notícia de forma incessante, criando factóides ou usando um arsenal inigualável de baixarias. Em 2015 ela apresentou uma nova faceta, igualmente midiática. A modelo declarou-se convertida à Igreja Universal e lançou um livro horrível, no qual, depois de confessar ter vivido como garota de programa por anos, busca exorcizar o passado e tenta arregimentar almas para a igreja. Adotada pela Record, a modelo não saiu da TV – do "Domingo Show" ao "Fala que Eu Escuto"

Silvio Santos desbocado: O dono do SBT chegou a uma etapa da carreira e da vida em que não deve mais satisfações a ninguém. Aos 85 anos, apresentando o seu programa dominical, ele não cansa de divertir e fazer gargalhar o público com suas tiradas absurdas e, frequentemente, abusadas. Nem todo mundo, porém, acha engraçado. Diante de piadas de mau gosto e comentários constrangedores, muitos convidados reagem com o silêncio. Uma exceção este ano – e tem o meu respeito por isso – foi Xuxa. A apresentadora se sentiu ofendida ao ser chamada de "rapaz americano" por Silvio e reagiu, pedindo respeito. Fez bem.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.