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Drogas, mentiras e tequila: bastidores de um reality, segundo a vencedora

Mauricio Stycer

04/12/2015 05h01

giovanalourenzettiComo são os bastidores de um reality show? O que acontece por trás das câmeras? Quem gosta de programas como "BBB" ou "Fazenda" tem este tipo de curiosidade, mas é muito raro encontrar alguém disposto a contar.

No livro "A Mansão Rosa – Presa na TV", Giovanna Lourenzetti desvenda vários segredos de um reality de confinamento, o "Papito in Love", exibido pela MTV em 2013. O programa é uma versão moderna do famoso "The Bachelor", apresentado nos EUA há quase duas décadas e que ganhou uma temporada na RedeTV! em 2014.

Ao final de 53 dias de confinamento, Giovanna (ou Lore), superou outras 12 mulheres. O prêmio era namorar o apresentador, o cantor Supla, ou embolsar R$ 100 mil.

Atriz e cantora, ela tinha 24 anos na época e entendeu que se escolhesse o dinheiro poderia atrapalhar a sua carreira. Optou por Supla, mas não chegaram a namorar. "Somos amigos", ela diz, dois anos depois.

MansaoRosacapaNo livro Giovanna altera os nomes de todas as participantes, dos três jurados (o amigo de Supla, Edgar, a governanta de décadas Conceição e a ex-namorada Maria Eugênia), dos produtores, roteiristas e do diretor do programa.

Ainda que caótico, o relato é intenso e detalhado. Abusada e debochada, Giovanna mostra como os produtores manipulavam as candidatas, jogando umas contra as outras com intrigas e fofocas. O objetivo era produzir cenas fortes, que pudessem ser usadas posteriormente na edição. "Era uma briga de cada lado, eu sentia que tinham informantes de todos os cantos".

O livro deixa claro, também, como as situações são encenadas de forma teatral, muitas vezes. "Antes de ir para o sushi pararam numa padaria e pediram para eu comer alguma coisa, pois a gravação seria de 'mentirinha'. Teria comida, mas eu deveria estar com a boca vazia. Comi um americano", escreve ela.

Apesar dos muitos beijos dados pelas candidatas em Supla, Giovanna garante que não houve sexo no programa. "Se de um lado não rolou sexo com ele, entre as meninas não posso afirmar a mesma coisa".

Giovanna suspeita que Supla usava um ponto eletrônico durante as gravações. Mas elogia o roqueiro. "Existe um nível de canastrice ao interpretar você mesmo que é uma arte".

A atriz conta que a produção muitas vezes liberava bebida alcoólica com a intenção de fazer as candidatas perderem o controle "e falar demais". Em outras ocasiões, as próprias candidatas escondiam as bebidas servidas e levavam para os quartos, para beberem de madrugada – tequila, rum, vodca.

papitosuplaegiovannaGiovanna afirma que, em mais de uma ocasião, conseguiu "cigarrinhos de artista" (maconha) de gente ligada à produção do reality. Uma vez, o próprio Supla, a seu pedido, teria providenciado um. Outra participante contrabandeou um ecstasy, ela revela no livro.

Ouvido pelo blog, Supla diz: "Não me lembro. Tenho quase certeza que não fiz isso. Mas todo mundo sabe que sou a favor da legalização da maconha". O cantor elogia Giovanna: "É uma menina talentosa e merecia um espaço na TV".

Dois anos depois desta experiência "hollywoodiana", e com o cabelo agora loiro, Giovanna considera que o saldo foi positivo. "Não fechou nenhuma porta para mim. Hoje me sinto mais capacitada como atriz", diz.

Abaixo, trechos da participação de Giovanna no "Papito in Love"

"A Mansão Rosa – Presa na TV" (Editora Nova Sampa, 160 páginas) será lançado no próximo dia 9, na Livraria da Vila (Al. Lorena, 1731), em São Paulo.

Foto: Sylvia Manzzonni

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.