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Números mostram que Twitter ainda é pouco relevante para a TV no Brasil

Mauricio Stycer

28/09/2015 05h01

masterchefquarteto
A lista de assuntos mais comentados no Twitter, atualizada a todo momento, é frequentemente usada por programas e emissoras de TV como sinônimo de sucesso. Comentários sobre programas ou artistas – sejam positivos ou negativos – também costumam servir de tema para reportagens em sites e blogs, inclusive no UOL.

O impacto desta rede social sobre a televisão brasileira, porém, ainda é bem pequeno, como mostra um levantamento feito semanalmente pelo Ibope. Para entrar na lista do 10 programais mais tuitados na semana no Brasil basta que 10 mil pessoas, ou menos, publiquem um ou dois tuítes enquanto a atração é exibida.

O caso do "MasterChef" é uma exceção que confirma a regra. O reality teve tanta repercussão no Twitter que atraiu até novos parceiros comerciais por conta disso – 1,8 milhão de pessoas tuitaram durante a final. Mas nenhuma outro programa jamais conseguiu nem 20% deste sucesso .

Feito desde dezembro de 2014, o levantamento apresenta quatro indicadores: o total de impressões (a quantidade de vezes em que os tuítes relacionados a um programa foram visualizados); a audiência única (número de diferentes contas no Twitter que visualizaram ao menos uma mensagem relacionada ao programa); tuítes (número total de tuites relacionados ao programa); e autores únicos (numero de contas que fizeram pelo menos um comentário sobre o programa).

TwitterTop10setembro2015Na semana entre 14 e 20 de setembro, por exemplo, "MasterChef" foi o campeão do Twitter. A final do reality da Band bateu recorde e foi tema de 1,8 milhão de mensagens escritas por 264 mil usuários. Para se ter uma ideia, uma semana antes, na semifinal, haviam sido 501 mil mensagens publicadas por 102 mil perfis.

Em terceiro lugar, aparece o "Pânico", exibido pela mesma emissora no domingo (20), com 43 mil mensagens de 14,5 mil usuários. Para entrar nesta lista, em décimo lugar, o "Programa da Sabrina", na Record, precisou de apenas 26 mil tuítes publicados por 4,3 mil pessoas (veja o Top 10 na imagem ao lado).

Em termos de Ibope, nesta mesma semana, "Master Chef" registrou audiência média de 10,2 pontos, o "Pânico" marcou 5,5 e o "Programa da Sabrina" ficou com 4,6.

Que conclusão é possível tirar destes números? 1. "MasterChef" foi um caso excepcional de uso da segunda tela (o Twitter); 2. A imensa maioria dos espectadores de TV ainda não usa o Twitter; 3. Ficar em primeiro lugar na lista de assuntos mais comentados no mundo não é sinônimo de audiência do programa; 4. Programas líderes de audiência, como as novelas "A Regra do Jogo" e "Os Dez Mandamentos", raramente aparecem no ranking.

Um ponto de audiência no Ibope, na Grande São Paulo, corresponde a 67 mil residências. No Painel Nacional de Televisão, que mede a audiência em 15 grandes centros urbanos, um ponto é equivalente a 233 mil domicílios.

O Top 10 da pesquisa Ibope Twitter é público e pode ser consultado no site da empresa.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.