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Para tirar casquinha da faixa das 23h, SBT recicla o “Sabadão Sertanejo”

Mauricio Stycer

30/08/2015 00h30

sabadaocelsozezelucianoHorário antes relegado a filmes e séries, a faixa das 23h de sábado tem mostrado potencial de audiência e publicidade com programas de auditório. O sinal foi dado por "Legendários", na Record. Lançado em 2010, a atração apresentada por Marcos Mion passou por várias mudanças até adotar a atual pegada, bem popular, com bons resultados.

Em 2013, a Globo alterou o horário do "Altas Horas", tirando o programa de Serginho Groisman da madrugada para concorrer na mesma faixa da atração da Record. O duelo ganhou uma nova dimensão neste sábado (29), com a entrada em cena do SBT, que lançou seu próprio programa de auditório, "Sabadão", sob o comando de Celso Portiolli.

Lançou é modo de dizer. A estreia do "Sabadão" mostra mais uma vez que, na TV brasileira, nada se cria, tudo se recicla. Sem uma ideia melhor, mas desejando tirar casquinha da faixa ocupada por suas duas concorrentes, a emissora reciclou um programa apresentado por Gugu Liberato, entre 1991 e 2002, o "Sabadão Sertanejo", que posteriormente foi rebatizado como "Sabadão".

Com todo jeito de ter sido lançado às pressas, sem qualquer projeto por trás além de enfileirar números musicais, "Sabadão" nem se preocupou em explicar para o público as suas intenções. Sessenta segundos depois de entrar no ar, Portiolli já chamou ao palco Zezé di Camargo e Luciano. E eles cantaram por 15 minutos sem parar.

A rigor, o "Sabadão" foi um "Especial Zezé di Camargo e Luciano". A dupla Munhoz e Mariano participou cantando com os dois veteranos, bem como Dablio e Phillipe. Esta segunda dupla é formada por um ator do filme "Dois Filhos de Francisco" e pelo filho de Luciano.

Como se tivesse sido recém-lançado, o filme de 2005 foi tema de várias perguntas de Portiolli. Até sobre a repercussão do lançamento o apresentador quis saber.

Depois de quase 90 minutos com a dupla sertaneja, Portiolli recebeu no palco uma dupla de humoristas para comentar vídeos engraçados — e mais do que batidos — da internet. Resumiu-se a isso, basicamente, a estreia do novo programa.

Marcos Mion comentou o lançamento do "Sabadão" em sua conta no Instagram. "Horário que antes só tinha filme e nós o tornamos um dos mais disputados. Afinal, fomos os primeiros e, depois do nosso, as outras emissoras vieram atrás de uma fatia da torta."

Pensando nos últimos cinco anos, o apresentador tem razão. Mas, a rigor, a falta de ideias é geral. Enquanto Zezé e Luciano cantavam no SBT, Victor e Leo se apresentavam na Record. E Lucas Lucco marcava presença na Globo. Sabadão sertanejo nas três emissoras.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.