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“Malhação” é a quinta novela no ano com sequestro da mocinha na reta final

Mauricio Stycer

14/08/2015 05h01

malhacaosequestro

"Malhação" termina nesta sexta-feira (14) com o acerto de contas entre o gente boa Gael (Eriberto Leão) e o vilão Lobão (Marcelo Faria). Antes do esperado duelo final, o herói vai salvar a filha, Karina (Isabella Santonni), sequestrada pelo malvadão no penúltimo capítulo.

É a segunda vez, aliás, nesta temporada que Lobão sequestra Karina. Há cerca de dois meses, ele manteve a menina em cárcere privada por uma dúzia de capítulos.

O desfecho de "Malhação", cuja temporada foi escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm, revive talvez o mais boogieoogiefiminsistente clichê em novelas – o sequestro da mocinha pelo vilão. Só em 2015, isso já ocorreu em outras três novelas da Globo e em uma do SBT.

Em "Boogie Oogie", de Rui Vilhena, encerrada em 6 de março, a mocinha Sandra (Isis Valverde) foi sequestrada por Pedro (José Loreto), que era obcecado por ela, e a vilã Vitória (Bianca Bin) terminou a história como heroína.

imperiosequestro2Uma semana depois, no último capítulo de "Império", de Aguinaldo Silva, a situação se repetiu, mas com violência maior. Cristina (Leandra Leal), sequestrada por seu meio-irmão,  José Pedro (Caio Blat), que era o vilão Fabrício Melgalço, foi salva pelo comendador José Alfredo (Alexandre Nero), que leva um tiro e morre ao salvar a filha.

altoastralsequestroDois meses depois, no último capitulo de "Alto Astral", de Daniel Ortiz, em 8 de maio, o vilão Marcos (Thiago Lacerda) sequestrou a mocinha Laura (Nathalia Dill), que foi salva por seu amado Caíque (Sergio Guizé).

Nesta última semana de "Chiquititas", no SBT, a mocinha Mili (Giovanna Grigio) voltou a sofrer nas mãos da terrível chiquititasmilicarmem2Carmem (Giovanna Gold), que a escondeu e trancou num prédio. A jovem foi salva pelo herói Mosca (Gabriel Santana).

A reprodução de clichês consagrados é uma das características do folhetim. O espectador mais fiel não se incomoda e, eventualmente, até gosta de ver certas situações aparecerem de forma repetida nas suas novelas preferidas.

Ainda assim, num momento em que parte do público dá sinais de estar em busca de alternativas às novelas, acho que os autores poderiam se esforçar um pouco mais e buscar soluções mais originais para o final de suas tramas.

Em tempo: Na versão original deste texto faltou a menção a "Chiquititas". Agradeço aos leitores que me lembraram.


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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.