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Cena gratuita de "Verdades Secretas" irrita os corretores de imóveis

Mauricio Stycer

06/07/2015 20h42

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Uma cena sem maior importância de "Verdades Secretas" levou a Federação Nacional dos Corretores de Imóveis (Fenaci) a enviar uma nota de protesto à Globo.

Foi no capítulo de sexta-feira (03) da novela da Walcyr Carrasco. À procura de um apartamento para poder se encontrar secretamente com Giovanna (Agatha Moreira), Anthony (Reinaldo Gianecchini) visita um flat, acompanhado de uma corretora.

Ela suspeita que o ex-modelo vai usar o local para fazer programas e pergunta: "É você que vai trabalhar aqui no flat? Tô interessada". Anthony rejeita a cantada, dizendo que tem namorada e não está interessado. A corretora, então, diz: "Você sabe por que eu gosto de ser corretora? Se as outras corretoras fazem, não sei. Pra mim, sempre rola uma rapidinha e o marido não desconfia".

A cena, como muitas outras de "Verdades Secretas", procura causar impacto com diálogos forçadamente pesados, que chocam o espectador, mas não acrescentam nada à trama.

Pior que isso, neste caso, ainda irritou os profissionais que trabalham como corretores. Na nota, a entidade classifica cena como "degradante" e observa:

"Sabemos que se trata de obra ficção e nossa intenção não é fazer qualquer tipo de censura, mas, sim, exigir que haja responsabilidade por parte dos autores, e não se façam insinuações levianas como essa, que pode sugerir a milhões de pessoas que para as mulheres que exercem a corretagem imobiliária tal comportamento seja um fato comum."

Não endosso este tipo de lobby corporativo justamente porque novela é obra de ficção e o autor tem o direito de escrever o que quiser. Mas entendo o que levou os corretores a se manifestar. Foi uma cena escrita com mão pesada, sem sutileza e totalmente gratuita, desnecessária ao andamento da novela.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.