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“Autor não deve mudar a história, mas o jeito de dizer”, diz Gloria Perez

Mauricio Stycer

28/06/2015 05h01

gloriaperezEm um debate sobre a relação da televisão com as redes sociais, ocorrido nesta sexta-feira (26), no Rio, a autora Gloria Perez observou que encontrou no Twitter "um campo de observação enorme" para o seu trabalho.

Com as redes sociais, disse, "você derrubou as paredes da casa. Você antes assistia a novela conversando com a família e os amigos. Agora conversa com pessoas que você não conhece".

Gloria reconheceu que os comentários negativos dos espectadores podem ajudar o autor de uma novela a entender o que não está funcionando na trama. Mas fez uma ressalva: "Se aquilo que você está mostrando não chega direito no espectador, você não muda a história, mas o jeito de dizer", disse.

A observação leva a pensar em "Babilônia", cuja história sofreu alterações radicais depois que a Globo ouviu a opinião de espectadores em grupos de discussão.

Gloria contou que, à época em que escreveu "Salve Jorge" (2012), cujo tema principal era o tráfico internacional de mulheres, acabou conhecendo, via Twitter, "várias pessoas que passaram pela experiência".

Ao mesmo tempo, como já havia feito na época da novela, a autora reclamou dos excessos que viu nas redes sociais. "Há muita balbúrdia. É preciso saber filtrar", disse. Mais uma vez, Gloria sugeriu que houve uma "orquestração" contra a novela no Twitter.

O debate contou também com as presenças de Carlos Moreira, diretor de parcerias de mídia na América Latina do Twitter, e Erick Brêtas, diretor de mídias digitais da Globo, sendo mediado por Álvaro Pereira Júnior, chefe de redação do "Fantástico".

Moreira mostrou, com dados de pesquisa, que espectadores engajados no Twitter enquanto assistem TV mudam menos de canal do que os que não estão conectados à rede social.

O encontro fez parte da agenda do International Academy Day, promovido pela Academia de Televisão, Artes e Ciências, a mesma que concede o prêmio Emmy, com a presença de representantes de vários países.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.