“Mariana Godoy Entrevista” ainda não conseguiu deslanchar
No ar já há um mês, exibido às sextas-feiras, no final da noite, "Mariana Godoy Entrevista" é a principal aposta da RedeTV! no esforço de angariar credibilidade e contrabalançar o apelo popularesco de boa parte da sua programação.
É muita responsabilidade e Mariana ainda não encontrou a melhor forma de lidar com isso. Como fazer um programa sério e ao mesmo atraente, agradável de ver? A dificuldade da apresentadora é ainda maior pelo fato de o talk show ser ao vivo – uma ousadia e tanto na TV aberta.
A escolha dos convidados dá uma ideia do prestígio de Mariana e, ao mesmo tempo, da dificuldade colocada para a entrevistadora. Nos primeiros quatro programas, ela recebeu Eduardo Cunha (presidente da Câmara), Geraldo Alckmin (governador de São Paulo), Carlos Gabas (ministro da Previdência), Roberto Freire (deputado federal) e Fernando Haddad (prefeito de São Paulo).
Nenhuma destas entrevistas foi boa. Treinados e, ao mesmo tempo, claramente desconfortáveis, os políticos repetiram basicamente as palavras que estão acostumados a dizer.
Não à toa, apenas dois raros momentos inesperados ocorreram até agora. Cunha, no programa de estreia, tocou um pouco de bateria, um hábito que cultiva na intimidade. E Alckmin, ao falar do filho recém-falecido, emocionou o público.
Motivo de justo orgulho, o fato de o talk show ser ao vivo está atrapalhando o seu andamento. Além do nervosismo, natural, a todo instante Mariana pede ao repórter Mauro Tagliaferi que leia perguntas enviadas por espectadores pelo Twitter. Raramente são boas questões e quebram o ritmo das entrevistas.
O quinto programa, exibido nesta última sexta-feira (05), mostrou uma luz no fim do túnel. Pela primeira vez o principal entrevistado não foi um político, mas um empresário – e ainda por cima polêmico. Eike Batista mostrou-se bem à vontade, medindo menos as palavras, o que ajudou a conversa com Mariana a fluir.
Pensando nos cincos programas exibidos até agora, tenho a impressão que a apresentadora ainda está em busca do tom certo para a atração. O que é natural. Às vezes, parece informal demais (chamou Eike de "cara", por exemplo). Também ainda não encontrou o equilíbrio entre a cordialidade (obrigatória) e a firmeza (necessária) para interromper discursos pré-fabricados e propor novos rumos às conversas.
A audiência na Grande São Paulo segue baixa, mas dá sinais de crescimento. Depois de uma estreia em que marcou apenas 0,6 de média, o programa registrou o seu melhor resultado nesta última sexta-feira, com média de 1,6. Espero que a RedeTV! tenha a paciência necessária para ajudar "Mariana Godoy Entrevista" a encontrar o seu formato e deslanchar.
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