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Boa cena de “Babilônia” chama a atenção pelo motivo errado

Mauricio Stycer

31/03/2015 05h01

babiloniabeijinhoombroPaula, a personagem de Sheron Menezzes em "Babilônia", é advogada no escritório de Teresa (Fernanda Montenegro). Além de negra, ela mora no morro da Babilônia, no Leme. Na sua primeira cena na novela, há uma semana, foi tratada como secretária por Inês (Adriana Esteves).

Por seu ótimo desempenho em uma causa, deixou de ser "júnior" e foi promovida a sócia do escritório. Além do aumento salarial e do novo status, nesta segunda-feira (30), Teresa presenteou Paula com um bônus especial, como prêmio pelo sucesso.

babiloniapaulaAo festejar a conquista, Paula disse: "Sabe o que eu queria fazer com esse cheque? Esfregar na cara de todas as pessoas que riram de mim por eu ter entrado na faculdade pelo sistema de cotas". Teresa respondeu: "Aí é fazer como diz aquela grande pensadora contemporânea: beijinho no ombro pras invejosas".

Como seria de se esperar, ver Fernanda Montenegro "imitando" Valesca Popozuda e dando um "beijinho no ombro" foi o que mais chamou a atenção na cena. No Twitter, só se falou disso. Sobre a defesa do sistema de cotas, nada. O aspecto exótico, que gera barulho, se sobressaiu ao tema principal que estava em discussão.

Em todo caso, é bem possível que o assunto volte à novela. "Vamos mostrar na trama como o sistema de cotas nas universidades é importante para dar oportunidade de inclusão a quem estudou em escola pública", disse Ricardo Linhares, coautor da novela ao lado de Gilberto Braga e João Ximenez Braga, em entrevista ao site Notícias da TV.

É mais um assunto polêmico a ser tratado em "Babilônia" — uma novela cuja audiência está se mantendo abaixo da média possivelmente por conta da ousadia de seus temas.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.