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“Império” desafia a lógica ao mostrar que Silviano é pai de Maurílio

Mauricio Stycer

05/03/2015 05h01

imperiosilvianomaurilioA menos de duas semanas do último capítulo, "Império" entrou naquela fase em que o autor se vê obrigado a correr para dar algum sentido aos muitos fios da trama ainda soltos. Um deles, o mistério em torno do pai de Maurílio (Carmo dalla Vecchia), foi esclarecido no capítulo desta quarta-feira (04): ele é filho de Silviano (Othon Bastos).

A solução é difícil de engolir por quem assistiu a novela desde o início. Aliás, esta é a segunda grande reviravolta na história do personagem de Othon Bastos – a primeira foi a revelação de que o mordomo de Maria Marta (Lilia Cabral) foi, no passado, marido daquela que viria a ser a sua patroa.

Para aceitar que Silviano é pai de Maurílio, o espectador precisa se esquecer de várias cenas. Numa delas, lembra o leitor Mr. Novela, o mordomo xingou o suposto filho depois que ele desligou o telefone, sugerindo que tinha raiva do rapaz que estava assediando Marta.

Em outra, mais crucial, exibida em 27 de outubro de 2014, Silviano flagrou Maurílio no quarto de José Pedro (Caio Blat) e Daniele (Maria Ribeiro), logo depois que o rapaz roubou de um laptop a gravação em que o filho do Comendador revela que o pai era contrabandista de pedras preciosas.

"O senhor está procurando alguma coisa?", pergunta Silviano a Maurílio ao encontrá-lo no quarto de José Pedro. "Eu estava procurando um banheiro, mas acho que entrei na porta errada", ele responde. "Existe um banheiro na suíte de milady", acrescenta o mordomo, antes que o vilão saia.

A encenação no quarto, onde só estavam os dois, parece absurda, sabendo hoje que são pai e filho. Registro o protesto do leitor: "O autor trata os espectadores como imbecis, apresentando uma história sem o minímo de coerência. O que adianta tentar deduzir quem é o pai de Maurílio se situações que ocorreram não podem ser usadas para descartar algum suspeito? Agora, abre-se um caminho para a solução de todos os problemas na novela ser um dos personagens se transformar em anjo salvador e resolver tudo num passe de mágica. Se não precisa mais ter coerência nenhuma, o espectador não tem mais porque continuar acompanhando".

Fica aqui o protesto do Mr. Novela.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.