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Record 2015 tem slogan enigmático, novela bíblica e piada com “Pica Pau”

Mauricio Stycer

05/02/2015 17h52

Recordgrade2015

A Record reuniu nesta quinta-feira (05) jornalistas e gente do mercado publicitário, além das principais estrelas de seu elenco, para anunciar a programação para 2015. Houve muito suspense em relação a uma novidade, mas ela não disse respeito a Xuxa, como se esperava. Quem assinou contrato com a emissora foi Buddy Valastro, mais conhecido como Cake Boss (acima, de braços abertos).

O evento serviu, também, para apresentar o novo slogan da empresa: "Record aberta para o novo". Para mim, soou como uma proposta enigmática. Significa reconhecer que a emissora, até então, não era aberta para o novo? E que agora sente a necessidade de se renovar?

Paulo Franco, superintendente artístico, explicou que se trata de "mudar de postura" diante dos parceiros comerciais, de outras mídias e da audiência. "Estar aberto não só porque a TV é grátis, mas porque permite mais participação em todos os níveis", disse.

Poucos exemplos foram mencionados no esforço de esclarecer melhor esta ideia. Franco citou a abertura da Record para co-produções (o que não configura novidade), além de "conversas" com Netflix, Twitter e Screenz – esta última, a empresa israelense que desenvolveu o sistema de votação do programa "SuperStar", exibido pela Globo, e a interação do público na "Fazenda 7".

Com menos explicação ainda, Franco mencionou em sua apresentação o "Projeto Record 65 anos". Fundada em setembro de 1953, a emissora ainda está a mais de três anos de comemorar esta data redonda. Terá sido uma provocação à Globo, que este ano festeja os seus 50 anos?

A Record criou suspense durante toda a apresentação da sua nova programação, alimentando a ideia de que haveria uma grande surpresa no final. Um clima infantil, que lembrou mais um programa de Geraldo Luis do que um evento sério, destinado a jornalistas e publicitários.

A novidade, como mencionei, foi o acerto para a realização de um programa de competição culinária, apresentado por Buddy Valastro, em uma parceria da Record com a Endemol.

Sobre Xuxa, três curiosidades. Marcelo Silva, o vice-presidente, fez uma piada ao apresentar Sérgio Marone, o ator que viverá Ramsés na novela "Dez Mandamentos". "Mau como pica-pau", disse Silva, referindo-se ao personagem. E logo emendou: "Pica-pau já nos salvou várias vezes". Não disse, mas todo mundo entendeu: em 2012, em várias ocasiões, o desenho animado superou no Ibope o programa "TV Xuxa", apresentado nas tardes de sábado na Globo.

Em outro momento, dirigindo-se a Celso Teixeira, diretor de comunicação, Marcelo Silva observou: "O Celso quer que eu diga que ninguém será demitido porque a Xuxa está vindo".

Por fim, ao falar da futura apresentação de Xuxa, o vice-presidente usou termos que acabaram alimentando especulações: "Se chegarmos a termos, ela estará conosco". Veja mais aqui.

A apresentação da programação 2015 serviu, também, para tentar passar a ideia de que a emissora tem planos claros e consistentes em relação à teledramaturgia. Além de "Milagres de Jesus", cuja última temporada (já gravada) vai ao ar este ano, a emissora vai exibir a série "Na Mira do Crime", apresentada em 2014 pelo canal pago Fox, e uma segunda temporada de "Conselho Tutelar".

Três novelas foram mencionadas no evento. Em março, estreia "Dez Mandamentos", apresentada como "a primeira novela no mundo baseada em uma história da Bíblia". Marcelo Silva falou com muito entusiasmo do projeto, sonhado há anos. O horário anunciado, 20h30, mostra a disposição da Record em tentar enfrentar o SBT, que vem nadando de braçada nesta faixa com suas novelas infantis.

Também foi anunciado o projeto, já aprovado, da novela "Escrava Mãe", uma espécie de "spin off" de "Escrava Isaura", que vai contar os antecedentes da famosa história. Por fim, sem dar detalhes, Silva disse que a Record planeja em 2016 fazer um remake de uma novela de Janete Clair (1925-1983), cuja obra principal foi desenvolvida na Globo, mas que também teve trabalhos exibidos, no início da carreira, nas TVs Rio e Tupi.

Gugu Liberato, cuja volta à Record já era sabida, mereceu uma breve menção na apresentação. Outra novidade, também citada muito rapidamente, é o reality "Jogo dos Casais", baseado no formato "Power Couple".

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.