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Chef cumpre a missão de transformar a cozinha em inferno em reality do SBT

Mauricio Stycer

11/10/2014 19h18

cozinhasobpressao
A estreia de "Cozinha Sob Pressão", no SBT, deu uma boa ideia de como será a versão brasileira de um reality show que fez fama em vários países com um título mais explícito: "Hell´s Kitchen" (ou "Cozinha do Inferno").

No papel do chef impiedoso, com a missão de infernizar a vida dos candidatos, chegando perto do assédio moral, foi escalado Carlos Bertolazzi, responsável pela cozinha do Zena Caffé, em São Paulo.

A sua entrada em cena, com cara de mau, pareceu um pouco forçada, levando os 14 candidatos a rirem. Mas Bertolazzi logo mostrou que vai cumprir a missão com louvor. No momento mais dramático do programa, pegou um nhoque feito por uma candidata e o atirou na mesa, para mostrar como ele estava duro.

Ninguém chorou, mas houve motivo para isso. "Parece um cemitério indígena", ele disse para outra candidata, olhando a disposição do nhoque no prato. "Você odeia tudo que facilita a vida, né?", disse para Manoela Leão, justamente a primeira eliminada do reality. Além do nhoque com consistência de pedra, ela produziu uma moqueca que, para seu azar, continha um espinho.

Bertolazzi deu poucas explicações aos candidatos sobre por que gostou de uns pratos e odiou outros. Como são todos profissionais, talvez não seja tão necessário, mas o público deve ter boiado em diversos momentos do programa. Uma pitada de didatismo pode cair bem.

"Cozinha Sob Pressão" é a versão brasileira de um formato tornado famoso pelo chef Gordon Ramsay, um talento difícil de imitar. Jefferson Rueda, escolhido para comandar o programa no Brasil, abandonou o barco duas semanas antes da estreia por divergências comerciais com o SBT. Bertolazzi assumiu em cima da hora e chegou a dizer que estava participando de uma "produção sob pressão".

Diferentemente do "MasterChef", em exibição na Band, que vai premiar um cozinheiro amador, o programa do SBT é disputado por cozinheiros com um mínimo de experiência. Os 14 participantes irão disputar R$ 100 mil em barras de ouro (fetiche de Silvio Santos).

"Cozinha Sob Pressão" estreou com cinco anunciantes, um dado bastante festejado pelo SBT. A emissora acredita que a boa aceitação do programa junto ao mercado se deve, em parte, ao horário escolhido, sábados, às 18h.

É uma opção curiosa. Em qualquer outra emissora, imagino, "Cozinha Sob Pressão" seria uma atração noturna. Mas o SBT aposta na sua opção. Por anos, nesta faixa, foi exibido o reality "Supernanny". Mesmo sem o mesmo sucesso do início, o programa vinha alcançando, nos últimos tempos, uma média de 5 a 6 pontos no Ibope. É esta audiência que a emissora prometeu ao mercado com o novo programa.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.