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Tiririca revolucionou horário eleitoral com seu show de humor

Mauricio Stycer

03/10/2014 11h25

A propaganda eleitoral de 2014 na televisão será lembrada pelo show de humor protagonizado pelo palhaço –e deputado federal– Tiririca (PR-SP). Esta história, é preciso lembrar, começou em 2010, quando Tiririca se tornou o deputado federal mais votado no país com uma propaganda marcada pelo deboche.

Algumas mensagens daquela primeira campanha se tornaram "clássicos" da propaganda eleitoral: "Vote no Tiririca, pior do que tá não fica!". Ou: "Oi, eu sou o Tiririca da televisão. Sou candidato a deputado federal. O que é que faz um deputado federal? Na realidade eu não sei, mas depois eu te conto."

Com 1,3 milhão de votos obtidos na sua primeira eleição, Tiririca ajudou a eleger outros três deputados de sua coligação.

Em 2014, o dublê de deputado e palhaço foi além. Eu diria que ele revolucionou o horário eleitoral gratuito destinado aos candidatos a deputado.

Tiririca transformou o horário destinado aos candidatos de seu partido num show, sem nenhuma relação com a eleição. Apenas um espaço para diversão e humor. Primeiro com a paródia de Roberto Carlos e depois com a de Pelé.

Com sua propaganda, Tiririca costuma ser acusado de prestar um desserviço, de ser contra a política. Discordo. Ele apenas mostrou que o horário eleitoral não pode ficar pior do que está. O que o eleitor ganha com o desfile de candidatos a deputado dizendo seus nomes e partidos na TV? Muito pouco ou nada.

Se Tiririca presta um desserviço à política, o que dizer das candidaturas que usaram fotos de agências estrangeiras para representar eleitores brasileiros? A diferença é que o deputado Tiririca não enganou ninguém, fez seu show abertamente.

O stand up de Tiririca ensina que o horário eleitoral precisa ser revisto. Precisa se tornar mais útil ao eleitor. Hoje é quase inútil. E é por isso que o show do palhaço agrada tanto.

Este foi publicado originalmente no UOL Eleições, aqui

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.