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Espectadores veem semelhanças entre “Dupla Identidade” e série britânica

Mauricio Stycer

29/09/2014 13h25

thefallProduzida na Irlanda do Norte com apoio da BBC, "The Fall" foi uma das novidades de 2013 na televisão. Em apenas cinco episódios, a série se passa em Belfast e opõe um serial killer, especializado em matar mulheres, e uma policial experiente, vivida pela atriz Gilliam Anderson ("Arquivo X"), convocada para tentar solucionar o caso.

"The Fall" estreou em maio de 2013 e rapidamente foi vendida para diversos países. No Brasil, foi exibida pelo canal pago GNT em agosto. Uma segunda temporada foi imediatamente contratada – a estreia está prevista para novembro deste ano. Reprisada pelo GNT em abril deste ano, a primeira temporada está disponível também no Netflix.

Assim que a Globo começou a exibir as primeiras chamadas de "Dupla Identidade", espectadores notaram que havia algo em comum com "The Fall". Preferi esperar a estreia da série de Gloria Perez para escrever. Exibidos os primeiros dois episódios, é impossível não fazer algumas comparações.

Paul Spector (Jamie Dornan), o serial killer de "The Fall", é psicólogo e trabalha dando aconselhamento para pessoas que estão de luto. Ele faz fotos de suas vítimas, coleciona objetos delas e mantém registros dos crimes armazenados em uma caixa do sótão de sua casa. Spector usa apenas as mãos para matar por enforcamento e está sempre fazendo exercícios para ficar mais forte.

duplaidentidadeeduEdu (Bruno Gagliasso), o serial killer de "Dupla Identidade", tem características muito semelhantes – além da aparência de galã e da barba. É advogado, mas estuda psicologia e faz serviço voluntário numa ONG que ajuda pessoas desesperadas. Cuida de suas vítimas com o mesmo zelo que Spector e guarda os registros dos crimes da mesma forma. Também só mata por estrangulamento e buscar ficar mais forte e em forma fazendo exercícios físicos.

Há, porém, uma diferença fundamental entre Spector e Edu: o primeiro é casado e tem um casal de filhos enquanto o segundo é solteiro e está começando um relacionamento com uma jovem (Débora Falabella).

Já Stella Gibson (Gilliam Anderson), a experiente policial, é solteira convicta e choca os homens por escolher seus parceiros de forma ativa e decidida. No passado, ela teve um caso com o chefe da polícia, a quem está subordinada. É ela quem se dá conta que há um nexo entre diferentes crimes registrados ao longo de três meses em Belfast.

duplaidentidadeveraVera (Luana Piovani), além das características físicas semelhantes, também é solteira e, de forma parecida a Stella, não esconde que escolhe seus parceiros sexuais ocasionais. No passado, ela teve um caso com Dias (Marcello Novaes) o chefe da polícia. Ela é especializada em crimes cometidos por serial killers.

Há uma pequena diferença entre Stella e Vera. A primeira é uma policial graduada, com formação em antropologia, enquanto a segunda é psiquiatra forense, com especialização nos EUA.

Há ainda um componente político em ambas as séries – um figurão que está envolvido, indiretamente, com as investigações. Em "Dupla Identidade", trata-se de um senador, vivido por Aderbal Freire Filho.

Agradeço aos leitores Daniel e Cássia, que me chamaram a atenção para tantas semelhanças e me levaram a assistir "The Fall", que é ótima. Deixei de mencionar algumas outras coincidências para não dar "spoilers" a quem está vendo uma ou a outra série.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.