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De formas distintas, Globo e Record exploram o mesmo drama de menino doente

Mauricio Stycer

31/08/2014 23h08

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O caso já vinha sendo tratado há alguns meses pela mídia de Santa Catarina. Neste domingo, coincidentemente, ganhou dimensão nacional em duas das principais redes de TV aberta do país.

Cada uma à sua maneira, Record e Globo exploraram exaustivamente o drama do menino João Vitor, de 4 anos, que descobriu um tumor no fígado e contou com a ajuda de Tatiana, 34, uma mulher sem nenhum grau de parentesco com ele, para fazer um transplante.

No "Domingo Show", pela manhã, o caso foi objeto de uma reportagem de 30 minutos centrada em dois pontos: o drama do menino e o seu encontro com o apresentador Geraldo Luis. Segundo o programa, João Vitor sonhava conhecer Geraldo – e o encontro dos dois acabou ocupando mais da metade do tempo da reportagem.

JoaoVitorGeraldoAo fazer o caso girar em torno do apresentador do programa, o "Domingo Show" deixou em segundo plano um dos aspectos mais comoventes da história – o esforço feito por Tatiana para doar parte do seu fígado ao garoto. Obesa, ela precisou perder quase 30 quilos para fazer a cirurgia, além de ter sido obrigada a se afastar do marido e do filho, de 5 anos, em vários momentos do processo.

A reportagem que abriu o "Fantástico" explorou justamente este ângulo. Por 15 minutos, o programa exibiu o drama de João Vitor em paralelo à história de Tatiana, tentando entender o desprendimento da mulher, que correu risco de vida para ajudar o menino que conheceu, por acaso, numa igreja.

Kiria Meurer, repórter da RBS, acompanhou Tatiana por quatro meses, mostrando o cotidiano na doadora, com a sua família e com João Vitor e sua avó. Embora mais curta, é uma reportagem com mais detalhes e informações sobre o drama que a do concorrente.

O transplante foi realizado no último dia 20, em um hospital em São Paulo. João Vitor segue internado, recuperando-se. Tatiana já voltou para casa. "Domingo Show" e "Fantático" encerraram suas reportagens com estas informações. Quem não viu – e chorou – com a primeira, certamente chorou com a segunda.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.