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Valdívia errou o tom, mas Leifert não entendeu o que fez no “Globo Esporte”

Mauricio Stycer

30/08/2014 05h01

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Dez dias depois de ser xingado pelo meia Valdívia, do Palmeiras, o jornalista Tiago Leifert respondeu às ofensas no programa "Altas Horas", que irá ao ar neste sábado (30). Dirá, segundo adiantou a Globo, que considerou a reação do jogador "desproporcional".

Para quem não acompanhou o caso, uma rápida lembrança. Apresentador do "Globo Esporte", Leifert se ausentou do programa alguns dias por problemas de saúde. Ao regressar, fez uma alusão a Valdívia, que deixou de jogar inúmeras partidas por seu clube por problemas físicos.

O perfil do GE no Twitter também brincou com a situação: "Hoje o Tiago Leifert, o mago Valdivia do 'Globo Esporte', apresenta o programa de novo!! Dois dias seguidos trabalhando!!!" O jogador não gostou da brincadeira e publicou em sua conta na rede social uma série de ofensas ao jornalista, desafiando-o a repetir os comentários na sua frente.

"Na hora que eu li, achei melhor encerrar tudo, porque achei extremamente baixo e totalmente desproporcional", diz Leifert no "Altas Horas". E acrescenta: "Naquele programa, estava tirando sarro de mim mesmo, porque tinha ficado um tempão sem trabalhar por ter ficado doente."

O apresentador também fez a seguinte observação: "Acho que quem trabalha com esporte tem que ter espírito esportivo acima de tudo e quem perde esse espírito é porque está doente com esporte e precisa repensar."

Valdívia errou o tom na resposta? Errou. Mas Tiago Leifert parece não ter noção do que representa fazer uma piada no "Globo Esporte". Ele não está em uma mesa de bar ou, mesmo, em uma rede social comentando com amigos e fãs – está tripudiando de alguém na principal rede de TV do país.

Leifert entende que o esporte deve ser tratado com humor. Ele já disse isso várias vezes. Concorde-se ou não, o apresentador não pode exigir que todos recebam suas piadas da mesma forma. Soa até um pouco arrogante esperar que seja assim. A sua resposta a Valdívia mostra que não tirou nenhuma lição do episódio.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.