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Caça aos erros históricos de “Boogie Oogie” é a nova diversão de noveleiros

Mauricio Stycer

13/08/2014 11h42

boogieoogieshopping
Fazer novela de época é sempre um desafio por conta dos muitos os detalhes envolvidos no trabalho de reconstituição – de figurinos a cenários, passando por vocabulário e diálogos. No caso de "Boogie Oogie", que se passa em 1978, há uma dificuldade adicional: parte dos espectadores lembra deste período e, por isso, não cansa de questionar os elementos "históricos" vistos em cena.

No capítulo desta terça-feira (12), Fernando (Marco Ricca) passeia por um shopping center antes de chegar na loja de Vitória (Bianca Bin) e dar de cara com Susana (Alessandra Negrini). O único problema é que o primeiro shopping carioca, luxuoso como o visto em cena, o Rio Sul, só foi inaugurado em 1980.

Falando na personagem Susana, a leitora Beatriz mandou e-mail comentando outro problema: "Eu, como adolescente na época fervendo nas discotecas da minha cidade no interior de São Paulo, vejo uma porção de gafes. Uma delas é a personagem da Alessandra Negrini com tatuagem. Deviam esconder essa tatoo. Imagina só alguém tatuado naquela época. Era bandido e mulher biscate."

No capítulo de sexta-feira (08), uma cena chamou atenção do leitor Sidney Falcão. Quando Sandra (Isis Valverde) está no quarto de Vitória, remexendo os seus objetos, a câmera mostra a caixa de uma fita-cassete com a capa do disco "Songs From the Big Chair", do Tears for Fears – só lançado em 1985. "Ou seja, além do disco ter sido lançado só sete anos depois, o Tears For Fears não existia em 1978. O grupo só surgiria três anos depois", escreveu.

Desde a estreia, a caça aos erros da novela das 18h da Globo tem sido uma das diversões dos espectadores. Já na estréia, o site Vírgula apontou dez gafes históricas em "Boogie Oogie", entre os quais a inclusão de uma música, "Heart of Glass", do Blondie, que só fez sucesso em 1979.

Nenhum desses erros é muito grave ou compromete o andamento da novela. E, no fundo, ajudam a tornar "Boogie Oogie" mais comentada. O problema é se estes problemas vierem a se tornar o assunto principal da novela.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.